MPLA e UNITA trocam acusações sobre intolerância política em Benguela

MPLA e UNITA trocam acusações sobre intolerância política em Benguela

A comuna da Capupa, município do Cubal, voltou a ser palco de intolerância política, envolvendo militantes do MPLA e da UNITA, em que as duas forças políticas trocam acusações entre si: A UNITA acusa o partido no poder de ter instrumentalizado alguns cidadãos para ataques a militantes seus, ao passo que o MPLA responsabiliza o Galo Negro pela destruição de 12 casas

No dia 24 de Março, a localidade da Capupa, uma zona bastante endémica no que à intolerância diz respeito, voltou a registar casos de confrontos entre militantes das duas maiores forças políticas no país, contrariando, porém, um clima de paz instalado no país há cerca de 20 anos.

Membros de vários segmentos sociais sugerem que se faça um trabalho sério de sensibilização, de modo a que cenários desta natureza não voltem a acontecer, uma vez que o país se prepara assinalar mais um aniversário da assinatura dos acordos de Luena, em 2002, em consequência da morte do então líder da UNITA, Jonas Savimbi.

A versão da UNITA aponta para o facto de o MPLA ter, supostamente, mobilizado perto de 50 homens, encabeçados por um soba identificado apenas Tchimbuta, que teriam saqueado bens essenciais e queimado residências, segundo João Tchiteculo, um quadro sênior da UNITA naquela localidade do Cubal. Entretanto, a perspectiva da UNITA foi contrariada pela versão do MPLA nos factos, para quem os do Galo Negro é que terão sido os agressores.

O 1º secretário municipal do MPLA, Paulino Banja, confirma, sim, ter havido queimas de residências, sendo uma da parte da UNITA e 12 da do seu partido. O político relata, porém, que os militantes do maior partido na oposição teriam agredido um militante do seu partido e, de seguida, roubado a sua motorizada. Não fosse a intervenção da polícia nacional, segundo explica, jamais os membros do Galo Negro teriam devolvido o bem saqueado.

Nesta perspectiva, as autoridades locais estão a desenvolver uma série de acções tendentes à manutenção da ordem e estabilidade na localidade, uma vez que se vai entrar para um ambiente eleitoral, para o efeito os dois partidos deverão sentar à mesma mesa.

Desta feita, de acordo com Paulino Banja, por se tratar de uma zona fronteiriça – lá onde ocorreram os factos – dever-se-á criar uma comissão conjunta entre as direcções do MPLA e da UNITA para se aferir o que, efectivamente, aconteceu.

“Quem provocou é a UNITA do Chongorói, porque no mesmo dia em que aconteceu o segundo partido da UNITA neste município também esteve presente”, disse o político do maioritário.

O caso foi entregue à justiça, a quem caberá dar o melhor tratamento. Uma fonte do comando provincial da Polícia Nacional confidenciou a este jornal que, face a alguns incidentes ocorridos, o comandante Aristófane dos Santos tem vindo a dialogar com os líderes políticos na perspectiva de acalmarem os ânimos de seus militantes.

Constantino Eduardo, em Benguela