Pluralidade Cultural- Suas representações sociolinguísticas

Pluralidade Cultural- Suas representações sociolinguísticas

A partida não se pretende pôr em causa a legitimidade cultural de cada povo. Sob as lentes prescritivas da linguística, propusemo-nos a reflectir sobre a pluralidade cultural e suas representações sociolinguísticas no prisma da cosmovisão angolana. O presente enunciado discursivo parte de uma série de leituras interpretativas de como as representações sociolinguísticas, no campo do pluralismo cultural, relacionam-se tendo em conta as singularidades do imaginário angolano. Importa dizer ainda que, a pluralidade cultural parte, até certo ponto, de como os enunciados linguísticos são inseridos segundo as suas representações e debatidos dentro das contradições e aceitações sociolinguísticas.

Pois que, quando analisadas referem-se às operantes formas discursivas de como as projeções dos diferentes sujeitos sociais são materializadas por via de suas representações no âmbito da sociolinguística, isto é, a coabitação funcional e, sobretudo, a interpretação categorial do efeito_ acção vs reação, por exemplo: manter alguém da província y é azar. Se nos atermos à referida representação sociolinguística, a interjeição não se coloca, simplesmente, ao sujeito mas ao seu enunciado cuja representação viola os fundamentos da pluralidade cultural. Assim sendo, a partir de leituras investigativas, aferimos de que a sociologia não se prende, simplesmente, ao estudo dos grupos.

Portanto, debate-se também sobre as representações produzidas pelos diferentes grupos. Partindo da anulação da hierarquização cultural e de que as mesmas sejam consideradas também como sendo códigos de condutas culturalmente aceites no seio dos grupos; é de todo imperioso sugerirmos de que nos abstenhamos de representações sociolinguísticas movidas de rótulos adjectivações, quaisquer que sejam, por exemplo: o grupo x é atrasado por comer às mãos. Dentre os vários postulados, para maior sustentabilidade, transcrevemos o pensamento de Almeida que defende que as representações podem ser definidas como avaliações cognitivas que os indivíduos e grupos fazem sobre qualquer aspecto das condições de existência. A outra retórica que subjaz, tendo em conta as construções ou as formas de projeções da realidade angolana, é a de entender as razões do crescente preconceito linguístico no campo das representações, por exemplo: os da província. Tais representações são susceptíveis de conflitos.

Ora bem, relativamente aos sujeitos sociais e grupos que compõem a esteira angolana, dentro das leituras analíticas, as suas representações partem, sempre ou quase sempre, da segregação cultural assente num discurso sociolinguístico aguarelado de matriz da exclusão, só para ilustrar: pelo nome, não é nosso. Importa, desde já, realçarmos de que a cogitação crítica sobre as representações sociolinguística escrevem-se campo das ciências sociais, por exemplo, a sociologia da linguagem e a história. Representações que, muitas vezes, produzem assimetrias culturais, por exemplo: a língua do povo x é a dos atrasados. E se nos atermos aos vários processos históricos percebe-se de que, por meio de um canal dedutivo, as conjunturas em prol da pluralidade cultural foram concebidas pela forma como decorreu a construção dos movimentos políticos, em Angola, por sinal, totalmente, assente na matriz étnica.

Ainda há grupos que são marginalizados nas representações sociolinguística por causa da etnia, por exemplo: os da província x pertencem ao partido y. Por ora, entendemos de que na tentativa dos sujeitos sociais estabelecerem uma tri-relação funcional, de sujeito-objecto-comunicação, por não se ter em conta o factor sociolinguístico e as interpretações, advindas das suas representações, entram em constante confrontações no quadro categorial da violência simbólica, por exemplo: não acredito que és da província x, afinal lá também tem pessoas que estudam!? Porém, para que se evite, é fundamental que as representações sociolinguísticas na pluralidade cultural sejam regidas pela ética triangular: prática discursiva sobre a pluralidade cultural- solidificação da aceitação da pluralidade cultural – massificação da pluralidade cultural.

Dito isto, aludimos de que, embora seja de conhecimento de todos, as representações sociolinguísticas, por se tratarem do pluralismo cultural, exigem certo equilíbrio por parte dos seus sujeitos sociais na esfera comunicativa. Portanto, a pluralidade cultural pode ser usada como mecanismo de integração social, de inclusão cultural no diálogo construtivo para que a unidade na diversidade não seja, simplesmente, um mero discurso político. Reafirma-mos de que a pluralidade cultural não anula a singularidade cultural de cada povo; nem coloca em causa a reserva identitária dos mesmos.

POR: Hamilton Artes