Irão acusa Israel de “terrorismo nuclear” depois de ataque a um complexo de produção de urânio enriquecido

Irão acusa Israel de “terrorismo nuclear” depois de ataque a um complexo de produção de urânio enriquecido

Uma unidade de produção de urânio enriquecido material necessário à produção de armas nucleares — foi alvo de ataque no Irão. Israelitas terão tido um papel na ofensiva, segundo Observador

A agência governamental iraniana AEOI está a acusar as autoridades israelitas de “sabotagem” e “terrorismo nuclear”, depois de um complexo de produção de urânio enriquecido situado na cidade de Natanz ter sido atingida e ter ficado severamente danificada. Segundo noticia o jornal norte-americano The New York Times, esta central de produção terá ficado sem energia na sequência do que parece ter sido uma “explosão deliberadamente planeada”.

A estação britânica BBC corrobora que o complexo de produção de urânio enriquecido, situado “a sul de Teerão”, terá ficado sem energia devido ao que, tudo aponta, terá sido um ataque. O ataque à base de produção de urânio enriquecido em Natanz aconteceu um dia depois de uma cerimónia em que o Presidente do Irão, Hassan Rouhani, inaugurou uma fábrica nova e moderna de centrifugadoras que permitiria uma produção mais acelerada de urânio enriquecido no complexo de Natanz. O urânio enriquecido é um material usado em investigação científica e na produção de eletricidade mas é também necessário para a produção de armamento nuclear.

O The New York Times (NYT) cita “elementos dos serviços de informação americanos e israelitas” que garantem que Israel “teve um papel” no que aconteceu ao complexo de produção de urânio enriquecido em Natanz. E a BBC refere que os “meios de comunicação públicos de Israel” citam em off fontes dos serviços de informação que confirmam mesmo que se tratou de um ciber-ataque israelita. Oficialmente as autoridades israelitas não se pronunciaram nem assumiram a autoria da ofensiva, mas “dois elementos de serviços de informação” que terão sido “informados sobre os danos” da acção são citados no NYT “sob condição de anonimato”.

E referem que uma explosão de grande alcance destruiu por completo o sistema de energia interno — independente e altamente protegido — que alimenta as centrifugadoras subterrâneas iranianas que criam urânio enriquecido. Segundo garantem estas fontes, trata-se de um golpe duro na capacidade do Irão produzir urânio enriquecido a breve trecho. Poderão ser necessários pelo menos nove meses de trabalho para que a central de Natanz volte aos níveis de produção esperados.

A intensificação da produção de urânio enriquecido no complexo de Natanz, de que a cerimónia de Sábado com o Presidente iraniano foi um claro indício, é mais um sinal dado pelas autoridades iranianas de desrespeito pelos limites de quantidades de urânio enriquecido que o Irão pode produzir e armazenar segundo o previsto no acordo nuclear assinado por Irão e EUA em 2015.

O acordo, porém, ficou sem efeito em 2018 — sendo que as autoridades norte-americanas pretendem voltar a colocá-lo em vigor e querem voltar a exigir o seu cumprimento aos homólogos iranianos. A reacção das autoridades iranianas à ofensiva sobre a sua central foi contundente. Ali Akbar Salehi, director da agência governamental “Organização de Energia Atómica do Irão”, emitiu um comunicado lido na televisão estatal do país que continha uma ameaça clara: “Condenando esta acção desprezível, a República Islâmica do Irão vinca a necessidade da comunidade internacional e da Agência Internacional da Energia Atómica (IAEA) lidarem com este terrorismo nuclear. O Irão reserva-se ao direito de agir contra os autores deste acto“

UE quer esclarecimentos e critica “tudo o que aumentar tensões na região”

Já esta Segunda-feira, a União Europeia disse estar a seguir com “preocupação” o incidente na instalação de enriquecimento de urânio de Natanz, no Irão, após uma falha de energia que as autoridades iranianas alegam ter sido uma “sabotagem” cometida por Israel. “Estamos a seguir de muito perto e com preocupação o incidente que ocorreu este fim de semana na instalação nuclear de Natanz, que pode ter sido um acto de sabotagem.

Este incidente tem de ser completamente esclarecido”, indicou o porta-voz do Serviço Europeu de Acção Externa (SEAE), Peter Stano, durante a conferência de imprensa diária da Comissão Europeia.

Frisando que, até ao momento, ainda não houve “nenhuma atribuição oficial” relativamente a quem está por detrás do incidente, havendo “várias acusações” de que a UE “tem conhecimento”, Peter Stano afirmou que “qualquer tentativa” para “minar” ou “desviar” as conversas actualmente em curso para revitalizar o acordo nuclear com o Irão deve ser “completamente rejeitada”.