Angola conta com 16 mil cafeicultores

Angola conta com 16 mil cafeicultores

Em alusão ao dia Internacional do Café, assinalado ontem, dia 15, o director do Instituto Nacional do Café, de Angola (INCA), Bonifácio Francisco, deu a conhecer que em 2020, Angola produziu cerca de 6 mil 50 toneladas de café, contra as 4 mil toneladas de 2019. E exportou 1.662 toneladas de café, com destino a Portugal, Espanha e outros países.

Bonifácio Francisco referiu que o volume de produção de café em Angola continua muito reduzido por falta de incentivos. Com a exportação de café em 2020, Angola arrecadou USD 1.268 mil 860. No presente ano, estima-se uma produção de mais de 6 mil toneladas de café não comercial e 16 mil produtores dedicam-se à cultura do café, numa área de 36 mil hectares.

“Apesar de o Executivo apoiar alguns agricultores na aquisição de créditos, fertilizantes e maquinaria, que deve ser reembolsado em alguns anos, os incentivos ainda são insuficientes”, disse.

Sobre as dificuldades do acesso aos fertilizantes, Bonifácio Francisco lembrou que o país não produz fertilizantes, os mesmos são exportados em quantidades reduzidas. Das 6 mil 50 toneladas de café produzidas em Angola, 80% são provenientes das províncias do Uíge e Cuanza-Sul.

Em relação ao processo de finalização do café, o responsável disse que não existem muitas empresas direccionadas ao processo de transformação completo do produto que vai desde a colheita, conservação, torra e as que estão nesse ramo são empresas privadas. Por essa razão, o café é exportado seco, e de forma descascada ou em sementes (café comercial). Após a exportação, o café passa por um processo de torra e transformado em café em pó.

Questionado sobre investimento no segmento de tratamento do café, respondeu afirmativamente, defendendo que devem ser os privados a investir neste segmento. “A torração do café deve estar na alçada de empresas particulares. É necessário potencializar as empresas nacionais, de modo a acrescentar valor ao produto e aumentar o número de empregos no sector ”, disse.

Além das marcas específicas de café em cada região, o responsável defende a criação de uma marca angolana, que leve o nome do país para o exterior e não a marca individual, a título de exemplo referiu que a marca de Café Delta não representa Angola.

Bonifácio Francisco disse que, em alguns países o processo de produção de café é mecanizado, o que facilita o trabalho, ressaltando que em Angola o café ainda é produzido à base de sementes ou germinação, diferente de outros países que utilizam o sistema vegetativo.

De acordo um levantamento realizado para a reactivação da fileira do café, o país necessita de USD 150 milhões para fazer funcionar as fazendas e roças abandonadas que produziam café anteriormente.

Angola conta com duas espécies de café, nomeadamente, arábica e robusta, que são produzidas na região Norte do país (Cuanza-Norte, Cuanza-Sul, Bengo, Malange e Uíge), já o café arábica é produzido nas regiões do Huambo e Bié.

Lembrar que, no tempo colonial, Angola contava com mais de 500 mil cafeicultores e uma área de 600 mil hectares.