A notícia incluída no boletim do Ministério dos Transportes, sem a pompa que se exigia, é muito mais importante do que se imaginava. Merecia, certamente, uma acção que fizesse muitos angolanos perceberem a quantas andamos em relação à realização de alguns compromissos assumidos, assim como, porventura, à materialização de propósitos até então avançados pelos integrantes do Executivo, entre os quais o titular do poder Executivo, Presidente João Lourenço.
Quarenta anos depois, isto é, mais de quatro décadas, o caminho-de-ferro de Moçamedes viu partir o primeiro carregamento de minério de ferro para o Porto do Namibe, a partir do qual será exportado para países interessados nesta riqueza produzida a partir do Cutato, no Cuando- Cubango.
Segundo informações avançadas pelo director da Companhia Mineira do Cuchi, ‘a exploração na mina teve início em Fevereiro com a extracção das primeiras cargas no Cutato, tendo até ao momento se extraído 24 mil toneladas do minério, das quais 20 mil encontram-se em stock, mas que, no entanto, perspectiva-se um período extensivo aos próximos 50 anos, de acordo com o seu estudo realizado, até se esgotar a mina’.
Como abordamos, há dias, neste espaço, têm sido vários os sinais emitidos pelo sector mineiro que estarão já a alavancar a área e se poderão transformar num dos sectores que irá empregar muitos cidadãos nacionais.
Além do Cuchi, no Cuando-Cubango, que parece ter arrancado mais tarde, há o projecto de exploração de ferro em Cassinga, que poderá ser explorado por um conglomerado turco.
Esta semana, com alguma segurança, a exploração de manganês em Cacuso, Malanje, também será uma realidade. Trata-se de informações de que nos devemos orgulhar como angolanos, do mesmo modo que esperamos que as receitas provenientes destas jazidas sirvam para o desenvolvimento do país e, particularmente, das áreas em que são explorados.
Durante largos anos, ainda na infância, os angolanos cresceram felicíssimos com o jargão de que “Angola é um país grande, rico e belo’. Porém, 45 anos depois, independentemente da situação de guerra a que foi assolada, apenas um grupo selecto se beneficiou das riquezas, criando algumas assimetrias que acabaram por fazer de algumas regiões do país autênticas zonas de ninguém.
Com a entrada em cena de novas explorações mineiras, de Cabinda ao Cunene, o Executivo do Presidente João Lourenço tem tudo para fazer diferente. Quem sabe se não se reactiva a velha decisão que permitia que determinadas percentagens das receitas arrecadadas, por exemplo, revertessem a favor daquelas zonas em que se exploram os referidos mineiros.
Não se trata de nenhum xenofobismo interno, porque estas receitas poderiam acudir aos projectos ambientais e outros mecanismos que pudessem reverter o desgaste que os referidos solos, e não só, viessem a sofrer.