Cuidado com a linguagem /O Medo

Cuidado com a linguagem /O Medo

Em se tratando de conexões imediatas, boas intenções podem nos levar a lugares que nunca tivemos a intenção de ir. Encaremos, com seriedade, a advertência com que se intitula esse escrito, porquanto a linguagem tem um forte poder. O que ouvimos, naturalmente, impacta sobre nós, pois, se for algo que nos inquieta, capultará em nós o MEDO.

No entanto, às vezes, o medo surge em função de um mal-entendido da linguagem.

Repare nos dois exemplos exumados que visam clarificar o escopo. O primeiro é o de um piloto de uma companhia aérea que, durante a viagem, usa MAL A LINGUAGEM, dizendo: “Olá passageiros, aqui é o capitão. É muito bom tê-los a bordo. Agora que estamos a caminho, eu só queria alguns momentos para deixá-los cientes de que NÃO HÁ PREVISÃO DE NENHUM TEMPO RUIM, então não encontraremos nenhum PROBLEMA e, se tudo sair de acordo com o planejado, não haverá EMPECILHOS para chegarmos a Angola no HORÁRIO PREVISTO”.

Repare que, as palavras destacadas no trecho anterior, aumentariam mais o medo dos passageiros. De repente, ali estava o capitão, narrando os maiores medos de todos aqueles que voam frequentemente: uma viagem difícil, tempo ruim e problemas em chegar ao destino no horário. Naquele instante, houve uma grande troca de olhares nervosos entre as pessoas. Onde o piloto falha?

Nosso piloto falha em se conectar com os passageiros, porque não falava de uma forma positiva e não disse o que realmente queria dizer, que era: “Sentem-se e relaxem; vai ser um voo tranquilo e nós iremos chegar no horário”. Porém, ao falhar em se comunicar de uma maneira positiva, o piloto plantou uma série de sugestões negativas na mente dos passageiros. No exemplo em epitáfi o, a intenção comunicativa do piloto não era a de amedrontar os passageiros, mas acalmá-los. Porém, a linguagem usada faz o contrário, traz à tona realidades assombrosas que, infelizmente, despertam o MEDO.

Houve quem dissesse “ mente sã, corpo são”. Atente-se ao segundo exemplo: imagine que um médico minta a um paciente, dizendo-lhe que vai retirar alguma quantidade de sangue no seu corpo em 5 minutos, não mais do que isso, apenas para perceber o poder das palavras. Depois de montar tudo para o procedimento, começa a retirar, supostamente, o sangue e diz ao paciente que saíra por 4 minutos e voltará rapidamente de modo a parar o procedimento porque, obviamente, ele pode morrer se passar dos 5 minutos.

No entanto, ele, o médico, fica ao lado do paciente de olhos vendados que, infelizmente, tem em mente que o médico saiu e voltará em menos de 5 minutos. Escoados minutos, o médico começa a notar que o paciente, fruto do que ouviu, fica preocupado com a suposta quantidade de sangue que sai do seu corpo e começa a sentir-se pior, os batimentos cardíacos aumentam, o stress aparece, e faz transparecer a ideia de dar o último suspiro. Então, o médico desfaz rapidamente tudo e, aos poucos, o paciente vai melhorando. Afinal, tudo aquilo era encenação.

Olhando para esse último exemplo, percebe-se que embora nada do que tinha sido dito sobre a retirada do sangue correspondesse à verdade, teve efeitos desastrosos na mente do paciente e seus consequentes resultados, pois “mente sã[…]”.

Portanto, a linguagem tem poder e, quando mal usada, pode despertar MEDO desnecessário, pode, aos poucos, enfermar as pessoas que nos ouvem.

Por isso, falemos de forma positiva, edifiquemos cabalmente os outros, sejamos optimistas. O segredo está na linguagem!

Por: Pedro Justino