Elevado grau de absentismo de candidaturas ao V congresso da FNLA

Elevado grau de absentismo de candidaturas ao V congresso da FNLA

Quando faltam três dias para o fim da apresentação das candidaturas, só uma foi oficialmente formalizada, mas a comissão preparatória do conclave aguarda por outras

O militante e membro do Comité Central(CC) da FNLA, Tristão Ernesto, foi o primeiro a formalizar a sua candidatura à liderança deste partido, durante o V congresso ordinário a realizar-se de 16 a 19 de Junho, em Luanda.

Coube ao seu mandatário João Capitão fazer a inscrição, ao meio da manhã desta Quarta-feira, informou o membro da comissão nacional preparatória do conclave, Joaquim Manuel Alberto.

Além de Tristão Ernesto, antigo comissário nacional eleitoral junto da Comissão Nacional Eleitoral(CNE), manifestaram também o interesse de concorrer, os membros Fernando Pedro Gomes e Joveth de Sousa, este último antigo líder juvenil(JFNLA), cujas formalizações poderão ser feitas a qualquer altura.

Até ontem ao cair da noite, segundo Joaquim Alberto, Tristão era o único que tinha a candidatura formalizada, cuja apresentação termina no Sábado, 24.

Apesar do elevado grau de absentismo registado, até ao momento, a fonte deste jornal garantiu que até ao último dia poderão comparecer mais membros que estejam interessados em disputar o cargo do líder do partido.

Recusou que haja desinteresse por parte de alguns militantes com requisitos para concorrer, sendo alguns que exigiam a realização incondicional do conclave sob alegação de tirar o partido da letargia em que se encontra e dar-lhe outro rumo.

A fonte acredita que outros interessados o façam no último dia, uma prática que considerou muito usual nos partidos políticos, onde os potenciais candidatos chegam sempre tarde.

Fernando Pedro Gomes, um dos inconformados membros que sempre contestou o dirigismo do ainda actual presidente do partido, Lucas Ngonda, segundo fonte próxima a si, vai formalizar a sua candidatura no Sábado.

Em Junho de 2018, a sua ala realizou um congresso extraordinário, em Luanda, em que foi eleito como presidente do partido, em simultâneo com um outro também extraordinário pela direcção de Ngonda, no Huambo, para a sua legitimação como líder, mas ambos os conclaves foram anulados pelo Tribunal Constitucional.

Outros candidatos

O suspenso secretário-geral Pedro Macumbi Dala, dias depois do seu afastamento compulsivo da hierarquia do partido, por alegadas divergências com o seu líder, tinha anunciado o desejo de candidatar- se à liderança da FNLA.

Carlito Roberto, filho do líder histórico e fundador desta força política e antigo deputado à Assembleia Nacional (2006-2008), na vigência do veterano Ngola Kabangu, também quer liderar o partido. Dividido entre Luanda e Paris, depois do fim do seu mandato no Parlamento, é citado em círculos internos da FNLA como tendo o beneplácito de figuras lendárias para dar continuidade aos ideais do seu progenitor, que foi um pan-africanista de referência.

Pronunciamento de Ngonda

No entanto, segundo uma outra fonte, os militantes, simpatizantes e amigos da FNLA aguardam com alguma ansiedade o pronunciamento de Lucas Ngonda se vai ou não concorrer a um terceiro mandato.

É acusado pelos seus correligionários e antigos colaboradores com destaque para David Alberto Mavinga, ex-secretário-geral, de ser o principal “empecilho” para o desenvolvimento do partido.

Numa entrevista concedida no princípio deste mês ao jornal OPAÍS, Mavinga desaconselhou-o a concorrer para mais um mandato, justificando que, desde que assumiu a direcção da FNLA em 2010, pouco ou quase nada fez para revitalizar este partido histórico que, nas primeiras eleições multipartidárias, contava com cinco deputados.

Segundo fontes próximas a Ngonda, o actual presidente pretende candidatar-se a mais um mandato para dar cumprimento a um alegado projecto do partido que não foi executado durante os seus dois mandatos.