É de hoje…Não há greve

É de hoje…Não há greve

Quantos se lembrarão da Anabela Cadete? Quem conhece o Miguel Filho? Quantos saberão o que significará o nome de Manuel de Victória Pereira, António Mendes e outros?

São nomes desconhecidos para uma maioria, mas guardam na essência aquilo que é o sindicalismo a nível dos professores angolanos, sobretudo numa fase em que Angola dava os primeiros passos democráticos e a classe dos professores era uma das mais menosprezadas, embora existissem alguns sectores que reconheciam os seus esforços na construção de um novo país.

Lembrar-se-ão alguns dos apelos feitos por muitos líderes políticos, alguns ainda no cair da década de 90, em que se pensava que as greves eram o fim último de qualquer reivindicação profissional. Os últimos dias tiveram esta questão como pano de fundo, principalmente porque se trouxe à tona questões relacionadas com o movimento que levaria à rua uma plêiade de professores.

A esta hora, com certeza, já alguns cartazes, camisolas e outros panfletos devem ter sido feitos para se adornar a peleja que se previa nas ruas de Luanda e noutros pontos do país, sob a chancela do próprio SINPROF. Na verdade, as greves têm como fim maior a resolução das questões dos trabalhadores, isto é, forçar com que a entidade patronal encare de bom ânimo aquelas que são as reivindicações de quem pretende sair à rua.

Para os próximos dias, estava prevista uma mega aparição de professores, tendo como pano de fundo as reivindicações, entre as quais a promoção, os subsídios para aqueles que labutam nas zonas mais distantes, assim como questões que tenham mais a ver com o passado. Ou seja: ao que tudo indica, muito do que se pretende não tem nada a ver com o presente, por serem questões penduradas há algum tempo.

Nem sempre o bom senso impera nestes casos. Porém, fica patente que o entendimento ocorrido entre o Ministério da Educação e o próprio sindicato é o melhor caminho para que se chegue à uma melhor solução.

Claramente que nesta fase do ‘mata-mata’, haverá quem olhe para esta posição como um recuo, o que não nos parece ser. O fim último de toda e qualquer reivindicação, tal como esta que vivemos, será sempre a resolução dos pontos que constam do caderno apresentado.

Um hábil interveniente, certamente que Guilherme Silva não terá atirado, temporariamente, a toalha ao tapete por simples capricho, mas sim com base naquilo que lhe terá sido proposto por Luísa Grilo e pares. Foi esta a base da solidificação da organização que anteriormente pontificaram Miguel Filho, Anabela Cadete e outros, cujo prestígio esteve mais na busca do consenso e das soluções do que na imposição da arrogância. Por isso, esta Segunda-feira será um dia normal tal como os demais: alunos na escola e professores também nas salas de aulas a fazerem o que sempre fizeram. Ensinar e nada de greve.