MPLA e Oposição em desencontro sobre a situação social dos trabalhadores angolanos

MPLA e Oposição em desencontro sobre a situação social dos trabalhadores angolanos

Nas declarações públicas a que o OPAÍS teve acesso, sobre a situação social dos trabalhadores angolanos, o MPLA reconhece avanços e perspectiva evolução e melhoria. Já a Oposição assinala uma série de retrocessos e exige melhorias urgentes à classe trabalhadora bastante afectada pelo actual contexto motivado pela Covid- 19

O dia, ontem, foi consagrado aos trabalhadores. Em defesa destes, o partido governante e parte do grupo que o faz oposição não quiseram deixar passar a data passar e, entre avanços e recuos, apontaram a situação social deste segmento populacional cujas condições divergem.

Nas declarações públicas a que o OPAÍS teve acesso, o MPLA reconhece avanços e perspectiva evolução e melhoria. Já a Oposição assinala uma série de retrocessos e exige melhorias urgentes à classe trabalhadora angolana bastante afectada pelo actual contexto motivado pela Covid-19.

O Bureau Político (BP) do MPLA reafirmou a valorização do trabalho como condição para o alcance da estabilidade social, económica e financeira dos trabalhadores e das suas famílias.

Numa declaração alusiva ao Dia Internacional do Trabalhador, que ontem se assinalou, o MPLA compromete- se a advogar junto do Executivo angolano a contínua implementação das medidas com vista a satisfação das aspirações dos trabalhadores.

Na declaração a que OPAÍS teve acesso, o BP do MPLA indica como tarefas “permanentes e ingentes” o crescimento e desenvolvimento do país, o aumento da oferta de empregos, bem como a melhoria das condições de trabalho e salariais.

Adianta que a implementação dessas medidas estão alicerçadas no princípio, sempre actual, de que “o mais importante é resolver os problemas do povo”.

Neste sentido, o MPLA considera válidas as iniciativas de diálogo e parcerias com as associações, sindicatos, ordens e demais instituições sócio-profissionais, na obtenção de consensos que visem a promoção do bem-estar e a melhoria da qualidade de vida das famílias e de cada um dos cidadãos.

Na declaração, o BP do MPLA aproveitou para reafirmar o seu apoio aos esforços do Executivo angolano e do Presidente João Lourenço, que tem implementado acções de conservação e criação de novos postos de trabalho.

Mediocridade num país potencialmente rico

Já a UNITA entende que a classe trabalhadora angolana continua a clamar por melhores condições de trabalho que dignifique o cidadão e salário condizente com o esforço laboral do trabalhador.

Numa declaração tornada pública ontem, o Secretariado Executivo do Comité Permanente da Comissão Política da UNITA refere que os angolanos lutam por adquirir um trabalho condigno e um salário mínimo que permita, pelo menos, sobreviver perante o elevado custo de vida que o actual sistema gerou ao longo dos 45 anos de governação do MPLA, relegando os cidadãos a mediocridade num país potencialmente rico.

A UNITA diz ainda lamentar que se assista nos dias de hoje angolanos “a sobreviver de migalhas que os endinheirados atiram nos contentores de lixo”. A má governação e o fracasso dos programas de políticas públicas, refere o comunicado, levaram os angolanos ao estado de indigência.

Na visão do partido, a esperança de vida dos angolanos regrediu e o seu nível de vida tornou-se mais difícil do que antes.

A UNITA entende, por outro lado, que não serão com os “programas paliativos” como PIIM, PAC, PRODESI, KWENDA, e outros, na senda dos fracassados PAPE, PAPAGRO, PAPAROCAS, KIKUYA que será encontrada a solução dos problemas do trabalhador angolano.

Para o partido, a solução duradoura dos problemas que afectam os angolanos, passa por uma governação participativa com a colaboração dos próprios munícipes para as questões locais como o fornecimento de energia eléctrica, água potável, a gestão de calamidades naturais como a seca, enxurradas, epidemias ou pandemias.

“Só com uma real alternância do poder, os angolanos terão oportunidades iguais, com trabalho igual e salário igual. Só com um Governo inclusivo e participativo se poderá imprimir uma governação que salvaguarde e defenda os verdadeiros interesses e anseios de todo o trabalhador angolano”, nota a organização partidária.

CASA -CE exige salário justo

Por seu turno, A Convergência Ampla de Salvação de Angola- Coligação Eleitoral (CASA- CE) apelou ao Executivo angolano a reajustar o salário mínimo e, com isso, permitir que os trabalhadores façam face ao custo de vida, que considerou elevado.

A CASA- CE apela à transparência nos processos de admissão para o emprego e sugere o fomento de pequenas e medias empresas.

No documento, a CASA-CE incentiva o fomento do empreendedorismo no seio da juventude, a valorização da mão-de-obra nacional, bem como a realização da agricultura familiar e de subsistência nas zonas rurais e em larga escala.

Executivo reconhece esforços dos trabalhadores

O Executivo, por via do Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social, assegura que Angola reconhece e assiste os direitos aos trabalhadores, no sentido de que tenham as condições legais, sociais e económicas condignas para um melhor exercício das suas profissões. Por via de uma declaração, o Executivo afirma que têm sido incansáveis os esforços, quer por meio do MAPTSS quanto pelos demais departamentos ministeriais, na melhoria continuado ambiente de trabalho.

outro lado, o Executivo entende que existem desafios por superar, ocasionados sobretudo pela pandemia da Covid-19, já precedida pela crise económica mundial. Estes desafios, aponta o documento, têm afectado duramente o mercado de trabalho. Angola, prossegue o comunicado, não está alheia a estes fenómenos e nisto, o Executivo tem estado perenemente engajado na procura de respostas e paulatinamente tem diminuído o impacto nefasto de tais fenómenos.

O Executivo refere ainda que, apesar do momento de pandemia da Covid-19, bem como da crise económica internacional, Angola terá registado várias melhorias, com impacto positivo aos trabalhadores de todos os sectores, quer sejam públicos quanto privados.

“O trabalhador angolano é e continuará a ser sempre um dos epicentros das atenções do Executivo, pois que é a força motriz do desenvolvimento da sociedade, pelo que o MAPTSS, reitera seu incontornável compromisso de continuar a trabalhar em prol dos trabalhadores, através de um diálogo e concertação permanentes, de modo a garantir mais estabilidade e harmonia social”, atesta o documento.