Agricultura Vertical, também uma opção!

Agricultura Vertical, também uma opção!

A EM&Irmãos, Lda é uma empresa que se dedica à produção e distribuição de produtos agrícolas, uma empresa familiar, que tem traçado devidamente os seus pontos fortes, com as oportunidades, as ameaças e fraquezas, bem determinadas. E hoje, eu agradeço ao Emanuel por ter mostrado, nestes meus quatro artigos, que é possível construir um sonho e ainda ser em família. Mas, mais do que um sonho, escolher uma área de que quase todo o jovem foge, elimina das suas escolhas, e esquece as grandes oportunidades de crescimento que esta área de negócio tem, desde que apoiada com políticas de incentivos governamentais. Falamos da agricultura.

No meu último artigo, abordei as oportunidades que este tipo de escolha traz e, sem dúvida, a questão da escassez de produtos agrícolas no mercado formal é uma variável forte para quem quiser iniciar o seu investimento. A escassez e o custo de oportunidade representam dois conceitos interligados na economia, uma vez que as pessoas e as empresas frequentemente precisam escolher entre recursos escassos. Na maioria dos casos, os recursos económicos não estão completamente disponíveis em todos os momentos numa quantidade ilimitada, por isso, temos que fazer uma escolha de quais recursos usar. O custo de oportunidade representa a alternativa que foi renunciada, quando escolhemos usar determinado recurso. Estes dois conceitos têm uma ligação direta, porque, por exemplo, as empresas podem utilizar um recurso de qualidade inferior, porém mais acessível, para a produção de bens. Tendo em conta os dois conceitos interligados na economia, julgo que a tecnologia é um estímulo para o surgimento de oportunidades no agronegócio.

O uso de recursos tecnológicos automatiza os processos, aumenta a precisão das tarefas, minimiza os erros, reduz os custos e aumenta a efectividade na condução das actividades. Em pouco tempo, o produtor tem retorno do investimento e consegue fazer novas aquisições, com maquinários e equipamentos cada vez mais modernos. Veja a seguir quais são as tendências em tecnologia que vão proporcionar oportunidades no agronegócio. Existem muitos países que iniciaram estimulando os jovens a apostar na agricultura, pela chamada agricultura vertical. A agricultura vertical é a prática de cultivar culturas em camadas empilhadas verticalmente num ambiente controlado, onde um ambiente natural é modificado para aumentar o rendimento da colheita. Pode ser a solução para aumentar a produtividade, na medida em que ajuda a combater a questão da percentagem decrescente de terras aráveis, que é um dos maiores desafios enfrentados pela agricultura em todo o mundo. Em vez de solo, meios de cultivo aeropónico, hidropónico ou aquapónico são usados.

O que torna a agricultura vertical muito mais benéfica é o factor de sustentabilidade que ela oferece. A agricultura vertical é sustentável, pois requer 95% menos água em comparação com outros métodos agrícolas. Por isso, peço que  investigues mais sobre este tema, e para acreditares nas oportunidades que este ramo nos dá. Outra oportunidade realçada é o engajamento do executivo na diminuição das importações. Em Janeiro de 2021, segundo a Angop, Angola registava uma redução de 100 milhões de Dólares em importações de produtos da cesta básica e outros bens essenciais. De acordo com Henry Bruton, um economista empresário, a substituição das importações tem como objectivo proteger uma geração de uma economia sufi cientemente fl exível, diversifi cada, capaz de superar choques, poder responder a estes e realmente criar oportunidades para o crescimento, e poder, por conta própria, gerar continuamente crescimento e bem-estar para a sua população.

A lógica básica da estratégia de substituição de importações é que essa transformação das economias em desenvolvimento demanda protecção em relação à concorrência com produtos importados. Portanto, compreendemos que ao promover a substituição de importações (diminuindo), o governo está a criar mecanismos para estimular a produção interna. Mas tudo isto só é possível se olharmos para os factores que determinam a produtividade do sistema económico de um país e que podemos classificar em cinco categorias (de acordo com o grupo Scielo):

• A disponibilidade de uma infraestrutura adequada e sólida, permitindo a expansão e ampliação constante das atividades produtivas. (Os investidores estrangeiros quando vêm analisar as oportunidades que oferecemos, como mercado para novos empreendimentos, creio que ficam surpresos com o grau de deficiência das nossas infraestruturas. Faltam-nos, tecnicamente, os elementos básicos para assegurar um trabalho continuado e eficiente.) • Uma visão certa e um plano concreto que define, estabelecendo as prioridades, “o que” e “como” produzir, determinando também a combinação adequada dos factores de produção disponíveis. • O desenvolvimento tecnológico contínuo, sob forma de substituição de processo de produção com alta densidade de mão-de-obra, por outro, capital-intensivo.

• A existência e acessibilidade de amplos mercados ou, em outras palavras, a possibilidade de realizar “economias de escala”. • A presença e a formação permanente de “recursos humanos”, que tenham conhecimento, treinamento e experiência profissional para administrar e coordenar, bem como para executar os diferentes planos de produção. Tendo em conta que o nosso objectivo é estimular a produção interna, começamos a sentir programas. A representante do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Gherda Barreto Cajina, anunciou, em Abril, o apoio aos jovens agricultores da Lunda Norte, na promoção do agronegócio, com a implementação de novos projectos na província, trabalhando na metodologia das escolas de campo, através de aplicação de inovações tecnológicas e os jovens irão antes beneficiar de uma formação para melhor desenvolverem o agro-negócio (fonte: angop.ao). Como economista, posso afirmar que apesar de serem passos lentos, existe vontade por parte do governo que este estímulo se inicie, tudo depende de vocês jovens começarem a olhar a agricultura como uma oportunidade. Termino com uma frase de Guilherme Machado: “Em tudo o que for fazer na vida, dedique-se por inteiro. Envolvase e seja envolvido. Empenhe-se em dar sempre o seu melhor, nunca menos do que isso.”

POR: Kénia Camotim