É de hoje… Não há santos

É de hoje… Não há santos

Claro que está, para muitos, o início de uma pré-campanha não declarada no país, em que os principais contendores políticos já contam ‘espingardas’ para a luta que se adivinha para as eleições gerais de 2022. E está mais do que evidente que teremos uma disputa renhida.

Conhecendo-se as alterações que se observam no eleitorado angolano, mesmo que se tente, por vários meios, insinuar estarem criadas condições para determinadas observações, a imprevisibilidade do processo, em que muitas vezes os trunfos de uns são jogados no momento certo, aconselha-se alguma prudência nas contas que se vão fazendo.

A pouco mais de um ano da ida às urnas, porém, não se compreendem os meios usados para se atingir os fins preconizados por alguns actores. Claro que quem entra na luta vai sempre para vencer, alguns dos quais mesmo sem forças evidentes, ainda assim não se deixam abater.

Acossado por uma crise financeira, algumas promessas ainda por se cumprir, o MPLA, no poder desde a independência, tem a missão de convencer os seus adeptos e rebuscar nas outras hostes adeptos para promover as medidas que o seu líder João Lourenço preconizou há cerca de quatro anos, depois de ter herdado, do seu antecessor, um país em crise económica profunda, agravada, nos últimos tempos, por uma pandemia que acabou por fazer recuar algumas conquistas.

Do outro lado, estará a UNITA, cujo líder, Adalberto Júnior, pretende apresentar-se como alternativa, ao que se sabe também atrelado já a uma denominada Frente Patriótica, em que não irão embarcar muitas organizações da oposição, entre as quais a coligação CASA-CE.

Ao que tudo indica, está longe o dia em que, em bloco, uma única coligação deverá enfrentar sozinho o partido no poder, o que desde já transparece a existência, no próximo ano, de um dispersão de votos, se tivermos em conta o número de organizações que irão participar.

O importante, nesta fase, é que todos os contendores, na situação e na oposição, tentem junto dos seus seguidores subsídios para que este combate não seja transformado numa guerra sem regras em todos os modos.

Durante muito tempo, ainda tive esperança de que algum bom senso pudesse vir de determinados sectores que até então se exibiam como sendo neutros, embora no interior dos seus organizadores estejam escondidos determinados desejos. Em pouco tempo, antes mesmo de ter soado o gongo, nota-se, claramente, que cada um está à procura também do seu pedação de pão, ao promoverem acções que demonstram não só alinhamentos, como sobretudo desrespeito por normas que largamente diziam esperar daqueles que combatem.

O tempo vai mostrando não haver santos. Quem sabe se nos meses que se seguem alguns se enxerguem de que até nos grandes confrontos militares não vale tudo.