Benguela já trabalha no combate à praga de gafanhotos

Benguela já trabalha no combate à praga de gafanhotos

Uma comissão multissectorial trabalha já, há uma semana, no combate à propagação da praga de gafanhotos, identificada em três regiões de produção agrícola em Benguela, segundo o director do gabinete da Agricultura e Pescas, José Gomes

As três zonas de Benguela identificadas são a região do Cuio e Dombe Grande (Baía Farta), e no Vale agrícola do Cavaco, cintura verde da cidade de Benguela de acordo com o responsável. José Gomes, que não descreveu as extensões das duas últimas áreas, informou que, na primeira (Cuio), foi afectada uma zona calculada em mil e quinhentos hectares de área cultivável e de pasto.

Noticiado pela Angop, declarou que o trabalho começou de modo manual, envolvendo os próprios agricultores, de modo a evitar-se o alastramento do fenómeno para outras regiões.

“Foram distribuídos meios afins, cedidos pelo governo da província, nomeadamente insecticidas, pulverizadores e atomizadores, distribuídos aos agricultores que, inicialmente, participam na campanha por via de algumas brigadas, de modo a mitigá-la”, enfatizou.

Ainda assim, disse, tendo em conta as extensões afectadas, não se revela praticável que a campanha seja feita apenas com a participação humana, via agricultores, daí que estão já preparados meios aéreos na base do Lobito que, brevemente, vão entrar em acção, tendo em conta que a logística já está preparada, devendo começar-se pelo Vale do Cavaco.

Para o director, a praga encontra- se na sua segunda fase de evolução (das três possíveis), ou seja, a chamada “fase de ninfa”, aquela em que o insecto ainda não tem asas crescidas, podendo apenas deslocar-se por terra.

Explicou que a primeira fase consiste na produção de ovos (em terra), a segunda, a ninfa, enquanto a terceira, aquela em que as asas já permitem voar, podendo o gafanhoto atingir até 150 quilómetros por dia.

Quanto à origem dos gafanhotos, José Gomes afirmou que, ao certo, não se sabe. Há várias possibilidades. “Pode ocorrer que uma nuvem de gafanhotos sobrevoou a região de Benguela sem que se tenha dado conta”, por um lado, avançou.

Por outro, está cientificamente provado que os ovos do gafanhoto são postos na terra, onde o gafanhoto escava um determinado local, podendo permanecer entre 25 e 30 anos, aguardando pelas condições de umidade necessárias para a sua eclosão.

Apelou, no entanto, aos moradores do Vale do Cavaco para que, tão logo comece a pulverização aérea, mantenham-se dentro das residências, com portas e janelas fechadas, de modo a evitar que as nuvens de insecticidas transponham o interior das moradias. Acrescentou que, segundo recomendações da força aérea, até porque os vôos serão rasantes, os pais ou encarregados deverão cuidar dos mais pequenos, a fim de evitar correrias desnecessárias, uma vez que os petizes poderão confundir a operação com simples acrobacias, devendo mantê-los dentro das residências.

Após o processo de pulverização, afirmou, a produção agrícola do local tratado deverá passar por um período de até 20 dias sem ser consumido, findo os quais já não representará qualquer perigo.

“A comissão criada vai trabalhar, antes, com megafones para alertar as pessoas sobre as medidas a tomar”, afirmou.

Esta é a segunda praga de gafanhotos que se regista na região, a julgar por uma outra tida já em época muito remota.

Concluiu que o processo de pulverização com insecticidas não representa qualquer perigo para os solos, até porque tem sido feito algum combate à Tuta Lagarta, também com insecticidas.