Resíduos electrónicos devem ser reaproveitados no aterro sanitário

Resíduos electrónicos devem ser reaproveitados no aterro sanitário

O director Nacional da Net Service Angola, António Bartolomeu, disse ao OPAÍS que a nova proposta para a gestão do aterro dos Mulenvos poderá transformar-se num centro de triagem e selecçao de resíduos electrónicos, que vai facilitar muito, uma vez que muito lixo sai das casas das pessoas contaminado, por falta dessa separação

António Bartolomeu explicou que, por falta de separação, este processo acaba por ser muito difícil para as empresas, pelo que sendo feita essa triagem logo na fonte, facilita muito o trabalho.

Em seu entender, o país perde muita matéria-prima, bem como algumas divisas por não reciclar o lixo electrónico, mandando esses resíduos quer para o aterro sanitário, quer para uma forma de tratamento que não é adequada.

Segundo António Bartolomeu, o país já começa a ter consciência de que os resíduos electrónicos são prejudiciais ao ambiente. Porém, a situação tende a melhorar por conta da legislação em vigor que faz com que as empresas queiram ter um posicionamento correcto em relação a isso.

Razão pela qual, no seu entender, os têm procurado para darem o tratamento devido aos seus resíduos. O trabalho de fiscalização desenvolvido pela Agência Nacional de Resíduos tem levado tais empresas, acrescido pela vontade destas, a registarem uma melhoria substancial no tratamento dos resíduos que produzem.

“Isto faz com que tenhamos alguma actividade já. Algum mercado para nos posicionarmos, trabalhando em prol do meio ambiente, mas também gerando algum lucro e emprego para as pessoas que estão na nossa comunidade. De um modo geral, no nosso país”, disse ao Jornal OPAIS, durante a cerimónia de lançamento da “Campanha de Sensibilização do Mês da Reciclagem” realizada, recentemente, em Luanda.

O director Nacional da Net Service Angola, António Bartolomeu, explicou que o actual contexto jurídico-legal tem contribuído muito para as acções voltadas a este segmento no mercado, salientando que, quando começaram o projecto, tinham muitas dificuldades, pois as empresas pensavam que seriam eles a financiar ou a pagar pelo resíduo.

“Mas, depois de surgir a lei, onde se criou a figura do poluidor pagador, as empresas começaram a perceber que, de facto, não se estava a ajudar quando elas cobravam os próprios resíduos”, frisou. Acrescentou de seguida que “no processo recolha e tratamento, o custo operativo é muito alto e, se fossem as empresas próprias a comprarem os resíduos, não iriam sobreviver. Daí que o financiamento por parte do poluidor tem sido fundamental para a continuidade de negócios”.

Segundo o responsável da empresa angolana de reciclagem de lixo eléctrico e electrónico, o que se perde a nível desses resíduos, que ficam nos amontoados na rua, podia ser, evidentemente, um garante de algum lucro para as empresas.

Salientou que, quando as pessoas são educadas a seleccionar os seus resíduos desde a fonte e a contactar empresas específicas para tratar este tipo específico de resíduo, se evitam os amontoados de resíduos.

Potencial fonte alternativa de divisas

Quanto às perdas, disse que quando não se recicla esse lixo electrónico, o país perde muita matéria-prima.

“Hoje, como se sabe, o nível de importação diminui muito por conta da ausência ou mesmo dos poucos dólares. Portanto, com a matéria-prima produzida a nível local, primeiro, se não tivéssemos indústrias especializadas para recuperar esse material aqui, esse material podia ser exportado e, ao ser exportado, obviamente estávamos a garantir algumas divisas para o país”, disse.

Acrescentou que é assim que o país perde, mandando esses resíduos quer para o aterro sanitário, quer para uma forma de tratamento que não seja adequada. “Nós perdemos muito com isso e também são os empregos. Hoje muita população está à procura de emprego. Com esses resíduos transformados em matéria-prima, estaríamos sim a garantir emprego para as pessoas.

Segundo o responsável, enquanto empresa, a Net Service trabalha desde 2018, mas começaram a recolher e a tratar resíduos eléctricos e electrónicos a partir de 2011.

Uma empresa que inicialmente começou com cerca de 40 pessoas, mas, infelizmente, por causa da pandemia, tiveram de fazer um interregno e depois amortecer e recomeçar.

“Hoje estamos a empregar cerca da metade do número que tínhamos anteriormente. Mas pensamos que, com essa legislação e com esse apoio que o governo vai dar por via do financiamento do Fundo Activo de Capital de risco Angolano (FACRA), pensamos que podemos aumentar o número de máquinas e assim admitir mais pessoas e, quem sabe, ultrapassar o número inicial que nós tínhamos”, disse.