Preparemos os nossos filhos para a “primeira vez”

Preparemos os nossos filhos para a “primeira vez”

Com base nos pais que acompanham o crescimento dos seus filhos, minuciosamente e com entusiasmo, tudo, pela primeira vez, é importante. E daquilo que recordo-me quando penso na importância deste tema, o primeiro choro é, de certo, dos itens mais recorrentes. Afinal, é por ele que os pulmões se enchem de ar. Se o recém-nascido não solta o vagido (o primeiro grito de choro), seus pulmões não se enchem plenamente, o que pode originar deficiências no funcionamento desse órgão vital, podendo mesmo ser fatal, em alguns casos. Então, mesmo que não se possa ensinar o recém-nascido a respirar, é importante prepará-lo para tal ou forçá-lo a isso, nem que seja com fricções ou, em casos mais extremos, palmadas.

Ora, a exemplo do choro, tudo, pela primeira vez, parece revestir-se de alguma importância. Seja a primeira mamada da criança, as primeiras fezes, os primeiros passos, os primeiros sons da fala e, já mais crescido, os primeiros dias de aula, a primeira transa… ops!!! Isto não. Em situação normal, pai nenhum acompanha isto. Assim é também nas eleições. Os pais nunca acompanham os filhos à cabine de voto. Mas os mais sensatos compreendem que devem prepará-los para tal. Sabem como fazê-lo e sabem também que é irreversível.

A propósito deste tema, sabe-se que por ocasião das últimas eleições gerais, em 2017, alguns cidadão eram inábeis em consequência do factor idade. Alguns, tendo lhes faltado apenas dias para atingirem a maior idade, não puderam participar daquele exercício de cidadania. O ano de 2022 parece distar ainda muitos quilómetros. Mas, dada a velocidade que seguimos para lá, é imperioso que cada família tenha em execução, por meio dos seus tutores, a preparação dos que, até lá, já estarão hábeis a participar do pleito eleitoral, de tal sorte que não sejam meros cumpridores do tal dever. Provavelmente, os que se experimentarão no próximo pleito, integram o grupo dos que mais facilmente podem ser ludibriados com futilidades diversas, iludidos por pequenos prazer instantâneos, ou outras coisas que lhes não acrescentam qualidade de vida.

Também pode ser essa a franja que concentra o maior número de cidadãos ávidos pelo primeiro emprego, acesso às faculdades e bolsas de estudo, vítimas das dificuldades de locomoção que exaltam em todos o pensamento de que carro é necessidade e já não só vaidade. Posso arriscar-me em dizer que a combinação destes factores, noutros países, pode propiciar que pessoas que nunca governaram, inexperientes e despreparados, prometam uma governação excelente e promissora ou, por outro lado, que pessoas que governaram mal prometam mudar e compensar. Claro que tal se daria no período de campanha. A preparação dos jovens, para lidar com isso, deve ter lugar antes. No nosso contesto, o ideal é que os tutores não deixem em mãos alheias a responsabilidade de orientar os jovens; que não se esperem que as escolas ou as ONGs e as igrejas o façam.

Eles farão. Mas as famílias devem adiantar-se e firmar-se nos seus conceitos. É no ambiente domiciliar que os jovens devem aprender a diferenciar questões como: “por que votar” e “para que votar”. Não perceber tal diferença pode até constituir um factor de risco para o envolvimento dos “caloiros” nas eleições. Não saberão “a quem votar” se as questões anteriores não poderem ser sabiamente respondidas. Disto, possivelmente, derivarão frustrações diversas no período pós-eleitoral. É consabido que não se pode impor a escolha partidária. Entretanto, deve-se determinar os critérios. E nisto, a experiência de vida e as perspectivas sociais contam muito. Afinal, é por ambas que os tutores poderão provar a lógica dos critérios de escolha, do exercício do voto e do que é espectável depois dele. É preciso preparar os jovens para as eleições.

Também importa preparar a família no que respeite a votar diferente. Há quem nas eleições passadas deu-se à infelicidade de dedicar seu voto a partidos que, dias depois, desapareceram. Há também os que votaram baseados em promessas de gente que nunca teve nada pra dar. Hoje, frustrados, ambos precisam ter a hombridade de admitir o fracasso e, pela primeira vez, votar diferente Há coisas que os pais não podem ensinar aos filhos. Mas que tudo tem uma primeira vez, nisto, há consenso. Conscientes disto, uma certa qualidade de pais preocupa-se em passar subsídios que habilitem seus filhos a lidarem com circunstâncias que terão de enfrentar sozinhos, mormente pela primeira vez. Tal é o caso da primeira participação nas eleições. É de bom grado alertar que há atitudes de primeira vez que terão repercussão em todos os dias seguintes, quiçá, com consequências irreparáveis. Então, preparemos os nossos filhos para a “primeira vez”.

POR: Manuel  Cabral