‘Crime de guerra’: AP pede investigação independente sobre ataque israelita a escritório dos medias

‘Crime de guerra’: AP pede investigação independente sobre ataque israelita a escritório dos medias

Segundo a Associated Press (AP), o media estava instalado no edifício há mais de 15 anos e nunca soube do uso de salas por militares do Hamas. O media francês caracteriza o ocorrido como um “possível crime de guerra”.

Neste Domingo (16), a AP pediu uma investigação independente sobre o ataque aéreo israelense que destruiu o edifício Al-Jalaa, que abrigava a AP, a emissora Al Jazeera e outros meios de comunicação no Sábado (15). Sally Buzbee, editora executiva do media, disse que o governo israelita ainda não forneceu evidências claras para sustentar o ataque e que o público merece ter conhecimento sobre os factos com mais clareza. “Estamos numa situação de conflito. Não tomamos partido nesse conflito.

Ouvimos israelitas dizerem que têm evidências, não sabemos o que são essas evidências. Achamos apropriado, neste momento, que haja um olhar independente sobre o que aconteceu, uma investigação independente”, disse Buzbee citada pelo media. A editora também comentou que a AP tem escritórios no edifício Al-Jalaa, há 15 anos, e nunca foi informada ou teve qualquer indicação de que o Hamas pudesse estar no prédio.

No Sábado (15), o governo israelita deu a jornalistas da AP e a outros inquilinos cerca de uma hora para evacuar o prédio, alegando que o mesmo seria bombardeado por abrigar um escritório da inteligência militar do Hamas. Buzbee disse que os jornalistas da AP ficaram “abalados” após o ataque aéreo, mas que estão bem e a relatar os novos acontecimentos. A editora expressou preocupação com o impacto da acção na transmissão das notícias.

“Isso afecta o direito mundial de saber o que está a acontecer em ambos os lados do conflito em tempo real”, disse Buzbee.

O jornal francês Repórteres Sem Fronteiras relatou numa carta ao Tribunal Penal Internacional (TPI) que 23 escritórios de media internacionais e locais foram destruídos nos últimos seis dias na região e pediu uma investigação alegando que os bombardeios podem ser “possíveis crime de guerra”, segundo a media. No Domingo (16), o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, disse que a destruição do edifício Al-Jalaa era “perfeitamente legítima”, pois o prédio abrigava “um escritório de inteligência da organização terrorista palestina que planeava ataques”.

Enquanto os ataques continuam com forte intensidade e sem um horizonte para um possível cessar-fogo de ambas as partes, quem sofre é a população. De acordo com o Ministério da Saúde da Faixa de Gaza, cerca de 197 palestinos morreram, incluindo 58 crianças e mais de 1.200 ficaram feridos. Do lado israelita, 10 pessoas morreram, incluindo duas crianças e centenas ficaram feridas.