Ex-secretários da UNITA queixam-se de perseguição por forças do partido

Ex-secretários da UNITA queixam-se de perseguição por forças do partido

Numa declaração conjunta, a que OPAÍS teve acesso, os três ex-dirigentes da UNITA que, recentemente, abandonaram os cargos, alegam estarem a ser perseguidos por pessoas não identificadas, presumivelmente a mando de forças internas do partido, cujos objectvos são inconfessos. A UNITA nega e minimiza a acusação, assegurando que perseguição não faz parte da agenda estratégica da organização que está focada nas questões mais importantes que incidem sobre a vida e bem-estar dos angolanos

O ex-secretário para a mobilização urbana da UNITA, em Cacuaco, Cândido Moisés, o ex-secretário provincial para a mobilização, Kawikh Sampaio da Costa e o ex-secretário municipal da UNITA em Viana, Daniel Mário Jaul, denunciaram estarem a ser perseguidos por indivíduos estranhos a mando, supostamente, pela actual liderança do partido.

Numa declaração conjunta, a que OPAÍS teve acesso, os três ex-dirigentes da UNITA alegam estarem a ser perseguidos por pessoas não identificadas, presumivelmente, a mando de forças internas do partido cujos objectvos são inconfessos, pelo que alertam as autoridades no sentido de investigarem as intenções deste grupo de pessoas antes que o pior não venha acontecer.

Os políticos, afirmam ainda que, desde que assumiram publicamente a sua posição contra o actual presidente do partido, Adalberto Costa Júnior, muitas têm sido as perseguições e insultos que, caso não venham a ser tomadas as devidas cautelas, poderão resultar em fatalidade, temendo pelas suas vidas.

O ex-secretário provincial para a mobilização de Luanda, Kawikh Sampaio da Costa, disse, inclusive, ter se mudado de casa para despistar as atenções do grupo de individuados que acusa estar a persegui-lo.

No entanto, face à situação, temendo pela sua vida e dos seus familiares, Kawikh Sampaio da Costa adiantou já ter feito uma participação e queixa-crime ao Serviço de Investigação Criminal para que se venha a desvendar estas pessoas e serem responsabilizadas, tendo em atenção o perigo que representam.

O grupo voltou ainda acusar Adalberto Costa Júnior de não ter, até ao memento, renunciado a sua nacionalidade portuguesa como ficou prometido no Congresso de 2019, onde o mesmo foi eleito presidente da organização em substituição de Isaías Samakuva. Kawikh Sampaio da Costa disse que, o que se tem, até ao momento, é uma declaração de petição de pedido de renúncia da nacionalidade mas que, até hoje, não há prova de se ter efectivada a referida petição às autoridades lusas.

Sobre isso, Kawikh Sampaio da Costa, em representação do grupo, fez saber que os militantes da UNITA avançaram, recentemente, com um pedido de destituição no Tribunal Constitucional contra Adalberto Costa Júnior na presidência do partido.

UNITA nega e minimiza acusações

Contactado pelo OPAÍS, o porta-voz da UNITA, Marcial Dachala, disse ser mentira as acusações e que a UNITA não persegue ninguém. Conforme explicou, a UNITA, enquanto partido representante do povo, está preocupada com a situação socioeconómica dos cidadãos, pelo que o assunto de perseguição não faz parte da sua agenda estratégica de actuação.

De acordo com o político, a UNITA sempre lutou para o exercício pleno das liberdades. E não vê razões de perseguir um ex-militante que, no âmbito do exercício dos seus direitos, partiu para outra frente partidária ou ideológica. “Nós, enquanto partido, estamos preocupados com o povo, com os nossos militantes e com o exercício das liberdades. Não perseguimos ninguém. É uma mentira e acusação que não faz sentido”, frisou.