É de hoje… Empurrar a TCUL com a barriga

É de hoje… Empurrar a TCUL com a barriga

Para não variar, terá início hoje, em Luanda, mais uma greve dos trabalhadores da Empresa de Transportes Urbanos e Colectivos de Luanda (TCUL). Trata-se de mais uma depois de outras que ocorreram ainda no decurso deste ano, em que o pano de fundo foi sempre a melhoria das condições de trabalho e o sempre desejável aumento salarial.

Para a reivindicação de hoje, em que se poderá até partir para uma greve de fome, a comissão sindical diz que o farão em solidariedade aos mais de 1.000 trabalhadores que terão aderido à paralisação anterior, estando estes na iminência de serem despedidos por terem unicamente atendido a um direito consagrado na própria Constituição da República de Angola.

As constantes reivindicações remetem-nos à reflexão sobre a necessidade permanente ou não de o Estado continuar a manter o controlo total desta empresa, assim como da existência de resultados líquidos positivos em cada ano que permitam com que os seus funcionários, dia sim, dia não, tenham esta disposição para paralisarem a única actividade rentável que garante o próprio sustento da empresa.

Apesar do amparo do Estado, a olho nu se consegue divisar que a TCUL, não obstante os meios que vai recebendo ano após ano, está muito distante do nível organizativo que apresentam algumas transportadoras privadas, entre as quais a Macon que até apostou, fortemente, num projecto de internacionalização das suas actividades.

Estando distante dos níveis organizativos, dificilmente tenha as mesmas receitas que lhe permita suportar todos os encargos, razão pela qual seja suportada, quase que na totalidade, pelos cofres públicos.

Recentemente, um alto responsável da TCUL veio a público dizer que os seus próprios funcionários danificavam as catracas para com isso conseguirem amealhar algum dinheiro durante as actividades diárias. Um acto reprovável, caso se confirme a veracidade de tal acção, não só por estragarem um bem público, mas sobretudo por diminuírem as receitas de onde supostamente se poderia buscar as receitas para os aumentos desejados.

Hoje, com certeza, numa fase em que os transportes públicos em Luanda já são críticos, a paralisação dos trabalhadores irá piorar o cenário que temos vivido, sobretudo com a chegada da pandemia e as limitações impostas pelo Estado de Emergência, inicialmente, e, posteriormente, pela Situação de Calamidade.

É tempo de o Estado analisar se é viável continuar a empurrar com a barriga os vários problemas que a empresa enfrenta, cuja solução os gestores lá colocados não têm alcançado, ou partirse para um modelo de gestão que lhe permita, no mínimo, chegar aos calcanhares de empresas que actuam no próprio mercado angolano, entre as quais a Macon.