Manifestações contra Bolsonaro em 24 Estados e na capital

Manifestações contra Bolsonaro em 24 Estados e na capital

Uma série de manifestações contra o governo de Jair Bolsonaro foram realizadas, Sábado, nos municípios de 24 estados do Brasil e no Distrito Federal (Brasília).

Com pautas diversas, os protestos exigiram a destituição de Bolsonaro, a aceleração da vacinação contra a Covid-19 e o aumento do valor e extensão por mais tempo do auxílio emergencial.

A mobilização foi organizada por partidos da oposição, movimentos sociais, organizações sindicais e entidades estudantis, com protestos registados em pelo menos 180 cidades do país e do exterior, segundo o portal brasileiro G1.

No Recife, o acto foi reprimido pela Polícia Militar com uso de balas de borracha e gás lacrimogénio. A vereadora Liana Cirne foi agredida com spray de pimenta e o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, disse que o comandante e demais polícias envolvidos na agressão serão afastados das funções e investigados.

Em São Paulo, os manifestantes reuniram-se na Avenida Paulista e chegaram a ocupar 10 quarteirões da via, num protesto que terminou sem registos de violência.

No Rio de Janeiro, o protesto começou já de manhã na região central, com início aos pés da estátua de Zumbi dos Palmares, na Praça Mauá, e uma caminhada pela Avenida Presidente Vargas, em direcção à Candelária.

No fim-de-semana anterior, a capital fluminense foi palco de uma “motocada” com a participação de Bolsonaro e do general Eduardo Pazuello, ex-ministro da Saúde, que participaram na aglomeração sem máscaras.

Neste Sábado, nos protestos contrários ao governo, o uso do equipamento de protecção foi disseminado entre a maioria dos participantes, mas momentos de aglomeração foram registados.

Na capital federal, os manifestantes concentraram-se pela manhã próximo ao Museu Nacional da República e depois caminharam pela Esplanada dos Ministérios, rumo ao Congresso Nacional, ocupando todas as seis faixas da via.

A imprensa internacional repercutiu os protestos deste Sábado.

O jornal britânico “The Guardian” destacou a manifestação como notícia principal do seu “site” durante a tarde e a noite do Sábado, afirmando que esta foi a maior mobilização anti-Bolsonaro desde o início da pandemia de Covid-19 no país.

A rede de televisão francesa “France 24” destacou a queda de popularidade de Bolsonaro face à pandemia e o facto de o presidente brasileiro ter feito pouco caso da severidade da doença, desincentivado o uso de máscaras e levantado dúvidas sobre a eficácia das vacinas, enquanto o país ultrapassa as 450 mil mortes pelo vírus.

A rede “Al Jazeera”, do Qatar, lembrou que os protestos acontecem enquanto o governo está sob escrutínio de uma investigação pelo Senado sobre a sua actuação no combate à pandemia.

A emissora turca “TRT” destacou a presença de imagens do ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva em meio aos cartazes de protesto e lembrou que o “petista” tem se articulado com outros políticos para tentar impedir a reeleição de Bolsonaro.

O presidente brasileiro, que esteve na Quinta e Sexta-feira no Amazonas, onde inaugurou uma ponte de madeira e um painel solar num quartel, não comentou os protestos nas redes sociais, neste Sábado.

O seu filho Carlos Bolsonaro, vereador pelo Rio de Janeiro, postou diversas críticas às manifestações e à cobertura da imprensa ao longo do dia.