Inteligência da Dinamarca ajudou EUA a espiar países europeus e Biden sabia disso, diz Snowden

Inteligência da Dinamarca ajudou EUA a espiar países europeus e Biden sabia disso, diz Snowden

Dados de uma investigação interna da inteligência dinamarquesa referem que o país facilitou o acesso aos seus sistemas de comunicações para que os EUA pudessem vigiar líderes europeus

A Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA, na sigla em inglês) recebeu ajuda da Dinamarca para espiar diversos políticos europeus, determinou em 2015 a investigação de um grupo de trabalho interno do Serviço de Inteligência da Defesa dinamarquesa, cujas conclusões foram reveladas no Domingo (30) pela Danmarks Radio em conjunto com jornalistas.

Entre os políticos que os EUA espiaram estava a chanceler alemã Angela Merkel, o então ministro das Relações Exteriores, o actual presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, e o ex-líder da oposição alemã, Peer Steinbrueck. Além deles, os EUA também grampearam as comunicações de funcionários de alto escalão da Suécia, Noruega e França, de acordo com os dados analisados, que abrangem os anos 2012 e 2014.

As suspeitas de que a inteligência dinamarquesa facilitava o acesso aos cabos de Internet da Dinamarca aos EUA, que resultaram numa investigação interna secreta, denominada Operação Dunhammer, surgiram depois dos vazamentos de Edward Snowden, que, em 2013, revelou uma grande quantidade de documentos sobre os métodos de trabalho da NSA.

Os materiais vazados revelaram que a NSA estava por trás de um grande sistema de espionagem a nível mundial e que espiava os líderes de países aliados, entre outros métodos, mediante a cooperação com os serviços de inteligência de outras nações. Segundo fontes do Danmarks Radio (DR), as revelações de Snowden não passaram despercebidas ao Departamento do Serviço de Inteligência de Defesa da Dinamarca que controla os cabos de Internet, e foi aí que surgiu a preocupação de que a NSA pudesse utilizar os sistemas de comunicações dinamarqueses para suas missões de espionagem na Europa. Após denúncias da mídia sobre o papel da Dinamarca na espionagem aos líderes europeus, Snowden também se pronunciou a esse respeito e acusou o atual presidente dos EUA, Joe Biden, de estar “profundamente envolvido” na situação.

“Biden está bem preparado para responder a isso quando visitar a Europa, já que ele teria estado profundamente envolvido neste escândalo”, escreveu Snowden, referindo-se à época em que Biden era vice-presidente durante a administração de Barack Obama. Segundo Snowden, “Deveria haver uma exigência explícita de divulgação pública total não apenas por parte da Dinamarca, mas de seu principal parceiro também”. O caso teve grande repercussão entre os países alvo da espionagem, com a oposição alemã a afirmar que “é grotesco que os serviços de inteligência de aliados estejam a interceptar e espiar funcionários de alto escalão de outros países”.