Silêncio do inquérito do “Caso Cafunfu” preocupa Associação Mãos Livres

A preocupação foi manifestada pelo seu presidente, Guilherme das Neves, em conversa com o jornal OPAÍS, passados cinco meses depois dos funestos acontecimentos

No dia 30 de Janeiro do ano em curso, um grupo estimado em mais de 300 homens, munidos de armas, envolveu-se em confronto com as forças de defesa e segurança, no sector mineiro de Cafunfu, município do Cuango, província da Lunda-Norte, que resultou em seis mortes entre os membros do Movimento do Protectorado Lunda-Cokwe.

A informação foi tornada pública pelo Comando Provincial da Lunda Norte(CPLN) da Polícia Nacional, que acusou o grupo de tentativa de subversão da ordem instituída, quando fracassou atacar a esquadra da Polícia Nacional, sob protesto de manifestação para reivindicar as péssimas condições sociais por que passa a população daquela região, rica em diamantes. Decorrido esse tempo, o presidente da Associação Mãos Livres(AML), dedicada à defesa dos direitos humanos e da cidadania, disse ser importante que o Executivo, por intermédio do Ministério do Interior(MININT), se pronuncie sobre os resultados do inquérito mandado instaurar.

O responsável defende que haja pronunciamento sobre os dois processos abertos, sendo um contra os membros do Movimento do Protectorado e o outro contra os membros da Polícia Nacional, para se saber sobre o desenrolar deste processo.

Sublinhou que o Ministério do Interior garantiu tornar público os resultados do inquérito, mas “ até ao momento nada diz”, para quem o silêncio pode ser interpretado como o engavetamento ou o abandono do processo por quem assumiu trazer a público os resultados, levar os implicados à justiça, para o caso seguir os seus trâmites legais.

“É preciso que o Executivo assuma o que publicamente prometeu fazer e tornar público”, reforçou, tendo pedido igualmente um pronunciamento sobre o excesso de prisão do líder do Protectorado, José(Zeca)Camutchima, detido em Luanda na segunda semana de Fevereiro, pelo SIC geral, a pedido da sua congénere da Lunda-Norte.

Ele é apontado como sendo o cérebro dos funestos acontecimentos de Cafunfu, e lhe foram imputados os crimes de rebelião armada, associação de malfeitores e outros. Segundo o causídico, havia intenções de o SIC transferir Camutchima para Lunda-Norte para lá ser julgado, por ter sido naquela província em que ocorreram os crimes.

Refira-se que o Ministério da Justiça e dos Direitos Humanos, na voz do seu ministro, Francisco Queiroz, aquando dos acontecimentos de Cafunfu, afirmou que o Movimento do Protectorado Tchokwe é uma associação ilegal. Ao porta- voz do MININT, sub-comissário Valdemar José, não foi possível estabelecermos contacto.