Angola com influência de “arrastar” novos actores mundiais para o fim do conflito na RCA

Angola com influência de “arrastar” novos actores mundiais para o fim do conflito na RCA

Ao ser convidado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas para dar a conhecer os passos dados para o alcance da paz efectiva na republica Centro Africana (RCA), o Chefe de Estado angolano, João Lourenço, na qualidade de presidente da Conferência Internacional sobre a região dos Grandes Lagos (CIRGL), terá a capacidade de fazer corredores e encontrar outros actores mundiais que levem a paz àquele país africano

A deslocação, ontem, do Presidente da República, João Lourenço, à Nova Iorque, para participar, amanhã, da sessão especial do Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação na República Centro Africana (RCA), poderá, na visão de especialistas angolanos, influenciar no surgimento de novos actores internacionais para a mediação e resolução do conflito político- militar naquele país africano que, há mais de oito anos, vem enfrentando um clima de instabilidade com repercussão na vida social das populações com centenas de deslocados a refugiarem-se para outras zonas do continente.

Durante a reunião do Conselho de Segurança da ONU, prevista para amanhã, João Lourenço fará o ponto de situação do que tem estado a ser feito, sob liderança de Angola, no esforço colectivo de procura da paz e segurança na RCA.

Desde 2013, vários grupos armados controlam dois terços do país, dirigido pelo Presidente Archange Touadera, no poder desde 2016 e reeleito em Dezembro de 2020.

A 13 de Janeiro deste ano, uma coligação composta por seis grupos rebeldes, dirigida pelo antigo chefe de Estado, François Bozizé, contestou o pleito presidencial de Dezembro e tentou tomar de assalto a capital Bangui.

A tentativa fracassou devido à pronta intervenção conjunta dos capacetes azuis, de tropas centro-africanas, ruandesas e de centenas de paramilitares russos.

De lá para cá, Angola, na figura de João Lourenço, na qualidade de Presidente da Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGL), vem-se desdobrando em intensas jornadas a favor da paz naquele país africano.

A título de exemplo, a capital Luanda já foi palco de duas mini-cimeiras, sob iniciativa de João Lourenço, nas quais participaram os Chefes de Estado da República Centro Africana, Congo e Ruanda bem como delegações de alto nível do Sudão, Camarões e RDC.

À margem da última cimeira, em Abril deste ano, o Presidente angolano, João Lourenço, afirmou que os dirigentes africanos, acoplados à Conferência Internacional sobre a Região dos Grandes Lagos (CIRGIL), são contra os conflitos armados permanentes que diluem o tecido social, destroem as infra-estruturas e criam instabilidade política e económica no continente. O Presidente destacou o papel de Angola e da República do Chade na persuasão dos líderes das facções rebeldes para renunciarem à luta armada como via para dirimir diferenças, seja de que natureza forem.

Lourenço assegurou que, agora, os países da CIRGIL estão em condições de definir um quadro no âmbito do qual se devem pôr em acção os mecanismos de implementação dos entendimentos alcançados com a oposição armada que aceitou abandonar a via da guerra para participar na materialização de um processo sério de desarmamento, desmobilização, reinserção e reintegração.

Porém, dois meses depois do evento, o conflito na RCA persegue, tendo já forçado o Conselho de Segurança da ONU a adoptar uma resolução que autoriza o aumento dos efectivos da sua missão no país, o que resultou em mais dois mil e 750 homens que se juntaram a 12 mil e 500, perfazendo, assim, actualmente, um total de 15 mil e 250 efectivos, além da força policial.

Em entrevista ao OPAIS, o professor em relações internacionais, Dickson João, entende que a deslocação de João Lourenço poderá trazer novos ares à resolução do conflito por definitivo na RCA, dada a sua proximidade geográfica com os outros países que, de algum modo, também sentem as consequências do conflito no país vizinho.

Para Dickson João, ao ser chamado pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas, para dar a conhecer os passos dados com vista ao alcance da paz efectiva na RCA, João Lourenço terá capacidade suficiente de fazer corredores para encontrar outros actores americanos, europeus e asiáticos que poderão jogar um papel importante para a paz naquele país.

Paz é um bem comum

Dickson João entende ainda que o alcance da paz na RCA vai beneficiar os países que fazem parte da região Austral, da qual Angola é, igualmente, membro integrante.

Outrossim, frisou, o alcance da paz na RCA será vantajoso porque aumentará a posição de Angola no sistema internacional como pacificador da região Austral em África.

Noutra abordagem, o especialista entende que a resolução do conflito na República Centro Africana trará maior segurança à região, o que vai permitir que os outros Estados, sejam europeus, americanos e asiáticos, possam olhar para a zona como uma área para investimentos.

“Por outro lado, é vantajoso porque é bom perceber que um conflito em África vai poder fazer parte da agenda mundial com Angola à testa na busca de solução. Logo, podemos acreditar que vai existir esforços do ocidente e das grandes potências no sentido de tentar resolver o conflito que existe na República Centro Africana”, frisou.