Clube dos Médicos reforça combate à malária

Clube dos Médicos reforça combate à malária

Os profissionais de saúde associados ao Clube dos Médicos estão a desenvolver uma série de campanhas de promoção e prevenção de saúde, fornecendo assistência médica e medicamentosa às populações mais carenciadas com vista a contribuir para a redução de casos de malária, dengue e outras endemias, revelou ontem, ao Jornal OPAÍS, o médico Honolfo Elvis Simões

O coordenador do Clube dos Médicos disse que a campanha, que arrancou no Sábado último no bairro Jacinto Tchipa, em Viana, Luanda, decorrerá uma vez por semana em zonas previamente seleccionadas, em função das necessidades e da densidade populacional.

Explicou que, apesar de estarem presentes nas 18 províncias do país, escolheram dar início na capital do país por ser a província com maior densidade populacional e com mais casos reportados das doenças acima mencionadas.

Porém, pretendem expandir a campanha de assistência médica e medicamentosa gratuita às comunidades carenciadas em todo o país. Para o efeito, os seus associados estão, neste preciso momento, a envidar os esforços necessários para conseguirem mais apoios, uma vez que os que têm recebido da ONUSIDA, OMS, Bolievers e da Organização Não Governamental Raízes de Esperança bem como do grupo Média Nova é insuficiente para atender a demanda.

“Toda ajuda é necessária porque os apoios que temos recebido destas entidades não são suficientes para atingir a quantidade de pacientes que almejamos”, frisou.

No entanto, Honolfo Simões disse que têm em agenda, para breve, actividades do género nas províncias de Benguela, Cuanza- Norte, Malanje e Huambo. Com excepção de Malanje, as outras estão entre as mais afectadas pela malária.

Durante a actividade de Sábado, os 25 profissionais de saúde destacados assistiram gratuitamente mais de 250 pacientes da referida localidade, em consultas de pediatria, nutrição, dermatologia, clínica geral, ginecologia e obstetrícia.

Cada paciente atendido saiu do local com os seus respectivos medicamentos, em função do que foi diagnosticado nos testes de malária, dengue, VIH, hepatite B, febre tifóide, urina, glicemia e outros feitos na hora.

Honolfo Simões enfatizou que essa campanha não substitui a outra, enquadrada num programa mensal, que têm levado a cabo há vários meses, em Luanda, cuja meta é oferecer 30 mil consultas e 300 cirurgias gratuitas anualmente.

As vítimas da Malária

De acordo com dados do Ministério da Saúde, o país registou, de Janeiro a Maio, 3 milhões, 799 mil e 458 casos de malária, dos quais, 5 mil e 763 resultaram em morte, sendo as vítimas maioritariamente crianças com menos de cinco anos e mulheres grávida.

Comparativamente ao mesmo período do ano anterior, registou- se um aumento de 322 mil e 717 casos e há uma diminuição de óbitos em 102. A ministra da Saúde, Sívia Lutucuta, afirmou, recentemente, à imprensa, quando fazia uma análise comparativa da situação epidemiológica da malária, que, nos últimos três anos, se registou um ligeiro incremento do número de casos, com um decréscimo ligeiro na quantidade de óbitos ocorridos no mesmo período. No entanto, esta doença continua a ser a principal causa de morte no país, afectando pessoas de qualquer idade.

Uma situação que, segundo a governante, é facilitada pela vulnerabilidade de algumas famílias afectadas pela doença que, por vezes, dão entrada nas unidades sanitárias com anemia severa e a má-nutrição. Essas duas patologias, associadas à malária, formam uma das complicações mais frequentes que provocam o maior número de óbitos.

A ministra da Saúde explicou que os indicadores apontam que as províncias mais afectadas pela malária são as Luanda, Lunda- Norte, Malanje, Uíge, Benguela, Huambo, Bié e Huíla.

Dengue com fraco crescimento

Além da malária, que é endémica no país, constitui grande preocupação do Governo, actualmente, a dengue que, muitas vezes, tem sido associada à chikungunya, catolotolo, a leptospirose transmitida por roedores e também a Covid-19.

Nos últimos cinco meses, 249 casos de dengue foram confirmados pelo Instituto Nacional de Investigação em Saúde (INIS), sem ocorrência de óbitos.

O Namibe destaca-se como a província com maior número de casos registados até ao momento, com 160, seguido de Luanda com 43, Cabinda com 33 e o Uíge está em quarto lugar com 30.

Na capital do país, Cacuaco lidera a lista de municípios com ocorrências desta doença, seguido de Viana.

Já em relação à chikungunya e o katolotolo, as estatísticas do Ministério da Saúde apontam para o registo de 532 pessoas infectadas, sendo as províncias com mais casos o Namibe, seguida das províncias do Cuanza-Sul, Huíla, Uíge, Cunene e Huambo.