Mais de 67 mil crimes cometidos em 2020

Mais de 67 mil crimes cometidos em 2020

Numa média de 184 crimes cometidos por dia, o Ministério do Interior registou em todo o país, no ano de 2020, um total de 67.097 crimes de tipicidades diversas, segundo informações avançadas pelo titular da pasta. Apesar do número, comparativamente ao ano anterior, tivemos uma redução de 3.570 crimes

O Ministério do Interior completou 42 anos de existência e, por ocasião desta data, em mensagem dirigida a todos os efectivos pertencentes a esta força, o ministro Eugénio Laborinho considerou como satisfatório os resultados obtidos no domínio do controlo da criminalidade, no ano de 2020.

Houve uma redução significativa do número de crimes, de modo geral, uma vez que, no capítulo da segurança pública, o país registou 67.097 crimes de tipicidades diversas. Assim, o ministro fala numa redução de 3.570 crimes, numa média de 184 crimes cometidos diariamente.

Embora considere esta situação como um dos indicadores de avaliação do desempenho das forças do MININT, o ministro não deixou de olhar no tipo de crime que tem apresentado particular aumento, como é o caso das ofensas corporais.

“Nesta tipicidade, um dado ressalta à vista: maior parte das ofensas corporais ocorreu em ambientes fechados, familiar e envolvem pessoas conhecidas, tornando difícil a intervenção policial na perspectiva preventiva”, disse ele, sem que, no entanto, apresentasse os números relacionados com esta tipologia criminal.

Ainda na lista de crimes, tem dado sinais de aumento o crime de burla, especialmente no ambiente cibernético, em que a relação entre o suposto vendedor e comprador é directa, sem que haja a possibilidade de intervenção de outros actores, como é o caso das forças de defesa e segurança, que só tomam conhecimento após a consumação do acto.

Por esta razão, o dirigente aproveitou a ocasião para aconselhar os cidadãos a manterem alguma prudência na relação comercial, no ambiente digital, onde ocorrem muitos negócios e burlas, visto que “não sabemos quem está a comunicar-se connosco, facto que é aproveitado por malfeitores para solicitarem pagamentos antecipados, sem que forneçam os bens que simulam vender”, sublinha.

488 crimes cometidos com arma de fogo

A preocupação com o desarmamento da população consta ainda da lista do MININT, uma vez que, no registo de crimes ocorridos no ano de 2020, ressalta à vista o facto de 488 destes terem sido praticados com recurso à arma de fogo.

Com aquele dado, mostra claramente que houve um aumento de 112 crimes, em relação ao período anterior (neste caso 2019), cometidos com recurso à arma de fogo.

Sobre este assunto, o Comando da Polícia Nacional de Luanda, órgão adstrito ao Ministério do Interior, por exemplo, está a desenvolver uma operação denominada “Triângulo”, que culminou com a detenção de onze armas de fogo e duas caixas de munições.

A referida operação foi feita no município de Cacuaco, em dois dias, 19 e 20 do corrente mês, e apresenta um balanço de 12 cidadãos nacionais detidos por suspeitas de prática de crimes diversos.

Dentre os crimes praticados por aqueles marginais estão os assaltos em residências e roubo na via pública, com recurso, evidentemente, à arma de fogo, pelo que foram apreendidos também vários utensílios de uso doméstico e uma motorizada.

Cacuaco e as mortes de Polícias

O município de Cacuaco é uma das zonas de Luanda que tem registado muitos ilícitos criminais, com recurso à arma de fogo e com “ousadia desmedida dos marginais”, uma vez que disparam mortalmente contra a polícia.

No ano de 2020, por exemplo, o comandante Faustino António Luamba, da esquadra da Boa-Fé, no município de Viana, em Luanda, foi assassinado durante um assalto de que foi alvo, em Junho, nos arredores do bairro do Belo Monte, município de Cacuaco.

O comandante Luamba foi surpreendido por um grupo de assaltantes na via pública que tentaram roubá-lo e, na tentativa de reagir, foi morto com disparos de arma de fogo à queima-roupa. Os marginais já foram detidos e aguardam pelo julgamento (com previsão de início no presente ano).

No mesmo município, ainda em 2020, isto em Agosto, o agente Caizer Manuel Alberto Simão, de 31 anos, foi baleado mortalmente por marginais, quando tentava impedir um assalto a um cidadão.

O agente estava a fazer o trabalho de patrulha apeado, com o seu colega e, ao depararem-se com um grupo de marginais que tentava roubar uma motorizada de um cidadão, reagiram. Foi atingido na região do tórax e não resistiu.

Neste crime em particular, foram detidos quatro dos malfeitores supostamente envolvidos na morte do agente em serviço.

No presente ano, 2021, ainda no município de Cacuaco, zona da Cerâmica, um 2.º subchefe da Polícia Nacional (PN) e um cidadão oriundo do Mali, radicado em Angola, foram mortos a tiro por cidadãos ainda não identificados.

Armados, os cidadãos invadiram a casa do 2.º sub-chefe, no dia 6 de Junho, tendo efectuado disparos contra o mesmo, alvejando, por sua vez, o cidadão estrangeiro, que era proprietário de uma cantina e tinha saído para tentar socorrer o efectivo da Polícia Nacional. O facto estranho é que os supostos assaltantes não levaram absolutamente nada da residência invadida.