Especialistas africanos abordam conservação de mangais em Luanda

Especialistas africanos abordam conservação de mangais em Luanda

Angola acolhe de hoje a Sábado, em Luanda, a celebração africana do Dia Mundial para a Conservação dos Ecossistemas de Mangais, sob o lema “Usando o Crédito de Carbono como Ferramenta para Promover a Gestão Sustentável dos Mangais”, numa organização conjunta entre a Comissão Nacional de Angola para a UNESCO e a associação Otchiva

Especialistas de cinco países africanos, nomeadamente da República do Congo, Quénia, Namíbia, Gâmbia e Etiópia vão ministrar, durante a celebração, o primeiro curso sobre crédito de carbono, de modo a que se criem bases para a partilha de conhecimentos que poderão propiciar a produção de legislação específica para a adopção e regulamentação de políticas de mercado deste produto. Os organizadores esclarecem, em nota de imprensa a que o Jornal OPAÍS teve acesso, um hectare de mangue pode armazenar 3.754 toneladas de carbono, é o equivalente a tirar mais de 2.650 carros das estradas por um ano, pelo facto de os ecossistemas de mangue serem sumidouros de carbono altamente eficazes, sequestrando grandes quantidades de carbono no solo, folhas, galhos, raízes, entre outras áreas.

No seu entender, tendo em conta a enorme reserva de mangais e outras florestas existentes em Angola, o comércio de carbono poderia ser um componente importante das metas de mudança climática de longo prazo e do desenvolvimento de uma estratégia nacional de descarbonização, reforçando o compromisso no âmbito do Acordo de Paris sobre as alterações climáticas. Esclarecem ainda que os mercados de carbono surgiram como ferramentas importantes para a promoção do manejo sustentável de florestas, incluindo mangais e outras vegetações costeiras. No entanto, a aplicação e uso deste recurso na África em geral, e particularmente em Angola, permanecem baixos devido ao fraco investimento técnico e financeiro para o aproveitar das oportunidades oferecidas pelos mercados globais de carbono.

“Nas últimas décadas, a urbanização e a expansão do sector do turismo em áreas de mangais impactaram negativamente este ecossistema. Em muitos países africanos, a alta migração populacional nas áreas costeiras levou à conversão de muitas áreas de mangue para outros usos, incluindo infra-estrutura, aquicultura, cultivo de arroz e produção de sal”, lê-se na nota. De acordo com a organização, em Angola, os mangais são encontrados na foz de todos os grandes rios, a flora do mangal é mais rica no enclave de Cabinda, mas o número de espécies diminui para Sul, desaparecendo completamente a Sul de Benguela. Os mangais mais extensos no país encontram-se no estuário do rio Lubinda, em Cabinda, e no estuário do rio Zaire, onde se estendem ao longo da costa aberta Sul.

Outras comunidades extensas de mangais ocorrem na foz dos rios Chiluango, Bambongo, Longa e Cuanza. Afirmam ainda que nos últimos anos têm sido notórios os esforços nacionais para melhorar a gestão dos mangais que aumentaram significativamente. “O Governo, por meio do Gabinete do Vice-Presidente e do Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, está comprometido a economizar e melhorar os recursos de mangue do país”. Sublinham que é com base nisso que o Secretariado Permanente da Comissão Nacional de Angola para a UNESCO, o Ministério da Cultura, Turismo e Ambiente, a União Africana, a Associação Otchiva e as Empresas Total Energies e Sonangol, e no âmbito da celebração do Dia Internacional da Conservação dos Ecossistemas de Mangais, estão a organizar um seminário com duração de quatro dias sobre o Desenvolvimento da Conservação dos Mangais e Desenvolvimento de Mercados de Carbono para Gestão Sustentável de Manguezais em Angola.