Os ocupantes da parcela de terra adjacente ao projecto habitacional estão conscientes de que a qualquer altura deverão abandonar a área para serem transladados para o outro lado da estrada, de acordo com os coordenadores
Alguns coordenadores do ´aglomerado de sectores´ da Nova Caxicane, município do Icolo e Bengo, província de Luanda, asseguraram ao Jornal OPAÍS que a trasladação das famílias que ocuparam parte da parcela de terra destinada à continuação da construção de habitações definitivas com cubatas de chapas está a depender da desmatação de um terreno de grande dimensão, no outro lado da estrada.
“Desde que se instalaram voluntariamente aí, há mais de três anos, que as coordenações dos bairros ou sectores existentes na Nova Caxicane têm envidado esforços para conversar com os ocupantes e consciencializá-los de que o referido espaço está concebido para a continuação da construção de habitações do projecto. Eles sabem e têm consciência de que, a qualquer altura, terão de abandonar esse espaço”, informou João Borges, coordenador do sector ou bairro Luís Miguel Segundo ele, a sua equipa apressou-se a localizar um espaço na localidade para evitar possíveis conflitos que costumam a resultar de situações do género e para não perigar a situação dessas famílias.
Mas, no entender do coordenador, o terreno só estará viável para ocupação e construção de habitações definitivas, depois de passar uma máquina, para desmatá-lo e deixá-lo limpo de todas as obstruções. João Borges, que também garantiu terem encontrado tal solução, para salvaguardar a posição de todos, lamentou que tarda a administração municipal conceder um veículo-tractor para se proceder ao trabalho de limpeza do espaço. Viegas Lourenço, o coordenador do sector Kindemba disse que o pedido da máquina à administração já é de algum tempo considerável.
“Nós temos andado a comunicar-nos com a administração municipal, pedindo-lhes uma máquina, para limparmos o terreno que preparamos para os nossos vizinhos, mas, há mais de dois anos, não vemos nada”, reclamou. O terreno que o colégio dos oito coordenadores da Nova Caxicane propõem é compatível para mais de 300 famílias, segundo Viegas Lourenço, para quem ainda haverá muito espaço livre. “Esses que estão aí são mesmo nossos filhos. As casas que recebemos não permite a coabitação que foi prometida no início. Então, eles ocuparam mesmo aí”.
Importa referir que as ocupações do espaço em causa, onde hoje jazem muitos casebres de chapa de zinco, deu-se logo depois da atribuição das casas da Nova Caxicane, que deixou um número considerável de famílias da Antiga Caxicane fora da oferta. A par disso, Viegas Lourenço recordou sobre a parte de famílias que ficou por receber casas, asseverando que alguns desses também ergueram os seus casebres nas proximidades, esperando que sejam atendidos.
Ao que se previa serem ocupações perpetradas por nativos e residentes não contemplados veio a dar ousadia a alguns forasteiros que, no entender do entrevistado, estão, actualmente, em número preocupante, já que o oportuno negócio de arrendamento surgiu no local. A intenção de aparentar que se tratava de pessoas oriundas da localidade onde nasceu o primeiro Presidente de Angola e Fundador da Nação, António Agostinho Neto, veio ainda a ser beliscada com a entrada em cena de alguns nativos, que chegaram mesmo a chamar os seus familiares não residentes da área para procederem à ocupação de um espaço, na Nova Caxicane, segundo se revelou.
Definitivamente provisórias
Os três coordenadores que prestaram declarações a este jornal, a contar com os depoimentos tímidos de Arnaldo de Passos Diogo, realçaram que, de uma maneira ou de outra, os ocupantes estão aí de forma provisória. “Aquelas casas de chapas, embora estejam há mais de três anos, estão aí provisoriamente. Vão-lhes dar terreno e essas parcelas vão servir para o projecto inicial”, recordaram os coordenadores.
Quanto aos seus vizinhos da Antiga Caxicane que ainda não receberam residências, na Nova, os dirigentes locais sublinharam que é mesmo por essa razão que o espaço tem de estar livre, de modo que se prossiga com as construções. Os coordenadores revelaram que pretendem resolver esse assunto agora, porque, a cada ano que passar, as famílias aí instaladas vão registar crescimento no seu agregado, o que poderá complicar a convivência, já que o acesso aos serviços sociais são também limitados.