Blindados e tanques de guerra transformados em obras de artes por Ricardo Fanjul

Blindados e tanques de guerra transformados em obras de artes por Ricardo Fanjul

Os blindados e tanques de guerra, que se encontram em vários pontos do país, serão transformados em obras de artes através da iniciativa do artista espanhol Ricardo Fanjul, que contará com o apoio dos governos provinciais

A iniciativa, que teve início em Junho, permitiu ao artista trabalhar em dois tanques no Bailundo, província do Huambo, que estão localizados na ponte do Rio Keve e em partes deste rio, cujas pinturas serão concluídas no próximo mês.

A ideia de pintar os instrumentos surgiu depois de o profissional ver os tanques sujos e estragados, formando parte da paisagem, o que, segundo ele, poderia ser reclames atractivos de interesse turístico para o país, através das suas intervenções.

Este trabalho, que serão efectivados nos instrumentos de guerra, que estão em estado de “abandono” , levam Ricardo Fanjul a transformá-los em obras de artes, uma acção que é do conhecimento das Forças Armadas Angolanas e da Policia Nacional.

Ricardo Fanjul quer com estas intervenções trazer para o mundo e para os angolanos uma mensagem de uma Angola sem guerra, fazer com que aquilo que seria motivo de tristeza passe a ser verdadeiros pontos de atracção turística.

“Pretendo dar uma outra imagem a estes instrumentos, porque, para muitos, representa ainda uma ferida aberta. Sou espanhol, quando cheguei aqui, há 10 anos, notei que muitos cidadãos no mundo desconhecem a realidade actual do país, que falam apenas da guerra. Essa foi uma verdade, sem querer ocultar o passado, mas a actual realidade é bem diferente e é preciso que as pessoas conheçam”, disse a OPAÍS.

Em Setembro, depois de concluir o trabalho inicial, o artista almeja pintar outros blindados e tanques de guerra em Angola, principalmente nas regiões mais assoladas pela guerra, como Huambo e Bié.

Homenagens

Num destes armamentos pintados em cor de rosa, ainda inacabado, em partes do rio, Ricardo Fanjul deseja homenagear a mulher angolana.

“Isso porque elas estão sempre com água até ao pescoço. Como o tanque está neste ponto, que quando a maré estiver alta fica coberto, sem poder ser visto, implica dizer que nem sempre a mulher angolana está com o pescoço fora da água. Fica muitas vezes no submerso”, explicou.

Quanto ao tanque pintado em azul, que se encontra na ponte do Rio Keve, Ricardo Fanjul direcciona aos filhos que ficam sentados à espera das mães que vão ao rio. Avançou que estes instrumentos de guerra já se encontravam nestes lugares, sendo que tiveram apenas a sua intervenção artística.

Participação de artistas angolanos

Com este plano que considera ser de interesse turístico, devido à localização, o artista quer também a intervenção de artistas angolanos. Para que o facto seja concretizado, no próximo ano, vai trabalhar com a parceria da Fundação Arte e Cultura.

“No meu país, ainda se fala da guerra civil que terminou no ano 1936. Ainda há velhos ressentimentos entre os dois bandos antigamente enfrentados. Queremos aprender com os nossos erros e tratar que não se repitam cá. Os que têm talento podem expressar-se, dando valor ao país com as suas contribuições”, destaca Ricardo Fanjul.

De acordo com o assessor de comunicação da instituição, Camilo Lemos, o artista contactou esta organização com o intuito de trabalhar em conjunto, já que teve conhecimento dos vários trabalhos artísticos que desenvolvem.

“O artista reconheceu o trabalho que temos desenvolvido a nível do sector cultural e não só. Como a fundação contou um ano depois de ter dinamizado projecto que visava dar outra imagem neste ângulo, então foi mais um casamento feito”, observou.

A Galeria

A Galeria Tamar Golan, da Fundação Arte e Cultura, é um projecto cultural inovador e alternativo, sem fins lucrativos, que visa promover as artes plásticas angolanas e apoiar jovens talentos emergentes nas artes plásticas. Todas as receitas da galeria são canalizadas para os projectos sociais da fundação. Criada em 2012, ano em que a fundação completava o seu 7.º aniversário, a Galeria Tamar Golan está situada no Centro Cultural da fundação, na Ilha de Luanda, junto à Escola Primária 1205. A galeria está aberta ao público de Segunda a Sábado, das 9h00 às 17h00.

Contributo de responsabilidade social do Grupo Mitrelli e parte integrante da Menomadin Foundation, a Fundação Arte e Cultura conta ainda com o apoio de parceiros estratégicos como o Grupo Siccal (Andrades) e o Luanda Medical Center.