Apresentada obra sobre a influência cultural da dominação portuguesa no Reino do Kongo

Apresentada obra sobre a influência cultural da dominação portuguesa no Reino do Kongo

O escritor e professor angolano Mbala Lussunzi Vita apresentou, na manhã de ontem, no Arquivo Nacional de Angola, em Luanda, a obra literária “La Société Kongo- face á la colonisation portugaise (1885-1961)”, ou seja, “A Sociedade Kongo Perante a Colonização Portuguesa (1885-1961), traduzido para português, sob a égide da Pari Editora

O livro, escrito e disponível apenas em francês, compreende mais de 400 páginas, discorre sobre a influência cultural de Portugal ao longo do processo de dominação colonial, na região do Reino Kongo e foi objecto de análise, depois de apresentada, pelo autor e o público académico presente no acto.

Na ocasião, o pesquisador explicou que a obra terá resultante do seu trabalho de fim de curso de doutoramento, lançado oficialmente no primeiro trimestre do ano em curso, na Alliance Française de Luanda, e está a ser comercializada ao preço de 30 mil kwanzas.

O encontro, que se enquadrou nas celebrações do 4º Aniversário da elevação do Centro Histórico de Mbanza Kongo a Património Mundial, serviu para o também professor universitário reflectir com os presentes académicos sobre questões negativas que surgiram depois da chegada dos europeus à África.

Estrutura do livro

Com efeito, no decurso da apresentação da obra, o Ph.D. destacou que o livro encontra-se divido em 5 capítulos. O primeiro dá uma vista global à sociedade original e da sua história, baseando-se numa documentação, no sentido de fonte diversificada.

O segundo capítulo focaliza o momento da colonização portuguesa, a partir de uma síntese dos trabalhos históricos e com testemunhos inéditos, salientando a brutalidade da dominação, que causou muito sofrimento.

Já o terceiro, segundo explicou o autor, descreve, de maneira metodológica, através de um estudo dos seus sistemas de educação, da sua cultura, das suas crenças e ritos, os testemunhos orais e utiliza de fontes pessoas que sempre foram esquecidas na visão de muitos historiadores.

Vita ainda inferiu que os dois últimos, no caso, o quarto demostra a relação missionária que passaram a surgir na sequência do domínio colonial e, finalmente, o quinto capítulo descreve as modalidades e formas de imigrações, principalmente, na região da República Democrática do Congo.

Necessidade de estudos similares

Na recta final do acto, já em depoimento para OPAÍS, a directora-geral do Arquivo Nacional de Angola, Alexandra Aparício, agradeceu a presença do escritor e dos presentes, todavia não deixou de fazer referência à importância e riqueza que paira sobre a historicidade do Reino do Kongo, onde, em tom conclusivo, apelou a mais pesquisas do género.

“O norte, que pertenceu o Kongo, é uma das zonas que tem uma vasta e rica documentação, que, no meu ponto de vista, ainda tem que continuar a ser explorada, porque há muita coisa que está dita, mas muito pouca está tratada”, rematou.

Perfil do escritor

Mbala Lussunzi Vita é escritor angolano, cresceu na República Democrática do Congo, onde fez a sua formação primária. Depois dos estudos do primeiro e segundo ciclos concluídos, ingressou na Université Pédagogique Nationale de Kinshasa e na Universidade de Kinshasa, onde obteve o grau de Doutor (Phd) em História.

Foi professor na Faculdade de Letras e Ciências Sociais da Universidade Agostinho (UAN), investigador honorário e antigo Chefe do Departamento de Ciências Sociais e Humanas, do Centro Nacional de Investigação Cientifica, do Ministério do Ensino Superior, Ciências, Tecnologia e Inovação.

É, actualmente, professor Instituto Superior de Ciência de Educação (ISCED) de Luanda e do Uíge. De igual modo, é investigador do Centro de Estudos e Investigação em População (CEIP) da UAN e é Director do Centro de Investigação em Ciências Históricas (CRSH) e também é membro associado do LARHRA/Lyon France.