É de hoje…Maldita arrogância

É de hoje…Maldita arrogância

Sempre que surge uma nova informação sobre processos judiciais, envolvendo figuras que se terão enriquecido à custa dos cofres públicos, pergunto-me sobre o que terá faltado para que, em tempo útil, não tivessem chegado a um entendimento com as autoridades angolanas.

Levianamente, muitos têm sido levados para o campo de uma hipotética perseguição política, um cliché também usado, insistentemente, pela oposição, descurando-se que, antes de se ter partido para a via judicial e coerciva, se tinha oferecido um cenário que mais parecia um brinde a todos quantos num passado recente ou mesmo distante se tenham atirado ao pote de mel, algures na Cidade Alta, no Banco Nacional de Angola, Ministério das Finanças, governos provinciais e outras repartições públicas.

A Lei de Repatriamento de Capitais, que num momento posterior foi melhorado com propostas visivelmente saídas da UNITA, era uma das vias pelas quais alguns dos nossos milionários e até bilionários poderiam continuar a manter a sua posição económica, financeira, das empresas de que se tinham acaparado, assim como seguramente a imagem que vai sendo enlameada, agora, por não conseguirem justificar, judicialmente, a proveniência do grosso dos investimentos e bens que exibiam.

Nos últimos dias, por exemplo, duas informações acabaram por marcar a agenda noticiosa: a possibilidade de Angola ver retornar mais de mil milhões de dólares já retidos na Suíça, pertencentes a cidadãos com processos na justiça, e também a passagem para a esfera única da Sonangol das acções que anteriormente estavam sob chancela da Exem, empresa da empresária Isabel dos Santos, na portuguesa Galp.

A dimensão dos montantes envolvidos e o facto de terem sido decididos no exterior do país cimenta, ainda mais, a convicção de que os passos que vão sendo dados são os que estão unicamente ligados à necessidade de se fazer justiça e restituir aos angolanos aquilo que sempre lhes pertenceu.

No caso das acções que retornam à Sonangol, independentemente do ‘recurso’ que for apresentado, tem a particularidade de ter sido decidido num tribunal arbitral, em que os árbitros são isentos e idóneos, numa jurisdição escolhida a dedo pelos próprios contendores.

Distante dos argumentos até então evocados para justificar algumas decisões internas, já há quem diga que até mesmo os vereditos saídos dos tribunais situados na Europa têm sido políticos, ou seja, não há mais imparcialidade da parte dos juízes e muito menos dos árbitros até por eles escolhidos nos tribunais arbitrais no Ocidente.

Não havendo mais possibilidades de retorno, que permita alguns reverem os activos que saíram dos seus domínios, e muito menos travar outros processos judiciais em curso, cujos desfechos se avizinham, resta saber se a maldita arrogância exibida por muitos terá válido a pena. Porque muitos estão cientes dos caminhos por onde terão passado os milhões que exibiam.