Está envolto em suspeitas de fraude um Concurso Público promovido pela Administração de Benguela, a 26 de Fevereiro do ano em curso, destinado à aquisição de centenas de animais, entre bovinos e caprinos, para cooperativas de ex-militares
A administradora municipal de Benguela, Paula Marisa, procedeu à suspensão de alguns quadros seniores da sua administração, por alegada gestão danosa que remonta ao consulado da sua predecessora Adelta Matias. Trata-se de Albina Teixeira, directora do Gabinete de Estudos e Planeamento, e de Renato Vasconcelos, funcionário sénior, e fontes da administração acreditam que, nos próximos dias, haverá mais movimentações, na perspectiva de desmontar várias teias de interesses instaladas.
Paula Marisa suspendeu, igualmente, o início da entrega de terrenos no bairro das Salinas, demolido no ano passado, soube O PAÍS de fontes bem posicionadas.
Desde que assumiu a responsabilidade do município sede de Benguela têm vindo ao de cima uma série de irregularidades, supostamente cometidas no consulado da antiga administradora.
Segundo fontes deste jornal, que qualificam a administração de Benguela como um “ninho de problemas”, dentre as irregularidades apontadas a mais flagrante está relacionada com o facto de a empresa Act Look 2 ter sido criada em Dezembro de 2019 para gerir o mercado 4 de Abril, que movimenta, mensalmente, milhões de kwanzas em receitas.
Curiosamente, segundo a fonte, a empresa viria a ser sagrada vencedora de um concurso bastante contestado por quatro outros concorrentes, que apontavam irregularidades, como tinha noticiado O PAÍS.
Tão logo foi indigitada pelo novo governador de Benguela, Luís Nunes, na administração de Benguela, Paula Marisa, conhecedora de vários “dossiers” devido à sua antiga condição de delegada provincial da Justiça e dos Direitos Humanos, prometeu rever os contratos inerentes à gestão do maior mercado a céu aberto, na província.
“Nós estamos a tomar contacto, o que tivermos de fazer vamos fazer”, prometeu.
Terrenos para construção
Paula Marisa suspendeu, igualmente, o início da entrega dos terrenos no antigo bairro das Salinas, uma vez que corre trâmites na Sala do Cível e Administrativo do Tribunal de Comarca de Benguela um processo de impugnação do acto de demolição protagonizado pela antiga administração, cujo desfecho ainda se desconhece.
Recorde-se que, quando se começou a vender ao público os espaços em litígio, o advogado das vítimas das Salinas, José Faria, advertiu que a administração, ao proceder daquele jeito, estava a incorrer em ilegalidade.
Nesta senda, Paula Marisa veio corrigir o acto administrativo inicialmente tomado, para alegria dos moradores, alojados provisoriamente há dez meses na desactivada escola do Magistério Primário Lúcio Lara, à margem esquerda da estrada Benguela/Baía Farta.
Um “mar” de irregularidades
Segundo denúncia de fontes, está envolto em suspeitas de fraude um Concurso Público promovido pela administração de Benguela, a 26 de Fevereiro do ano, destinado à aquisição de centenas de animais, entre bovinos e caprinos, para cooperativas de ex-militares.
De acordo com a fonte, ligada à Associação dos Ex- FAPLA(ASCOFA),a empresa Miapia Sumua, vencedora do Concurso Público, foi afastada de um negócio de 25 milhões de kwanzas, na perspectiva de beneficiar uma outra, que a fonte não precisou o nome, com ligações à antiga administradora. “Depois dos resultados, nós recebemos um ofício que sugeria o afastamento da empresa vencedora e nós obedecemos”, disse um funcionário da administração de Benguela.
Entretanto, a nossa fonte referiu que, em função das irregularidades verificadas, a ASCOFA remeteu o caso ao SIC, onde correm trâmites processuais à volta do caso.
Questionada pelo jornal OPAÍS sobre alegados actos de má gestão, a antiga administradora municipal de Benguela, Adelta Matias, recusou- se a comentar, alegando estar disponível para, doravante, tratar apenas de assuntos do MPLA, de que é a primeira secretária municipal.
Constantino Eduardo, em Benguela