Livro “Lugares InCORPOrados” de Rui Tavares à disposição dos leitores

Livro “Lugares InCORPOrados” de Rui Tavares à disposição dos leitores

O volume, com a chancela da editora portuguesa Guerra & Paz, intitula-se “Lugares InCORPOrados” e tem 88 páginas. É um projecto – livro e exposição itinerante, que alerta para o risco que corre parte fundamental do património edificado da cidade de Luanda, na esperança de que o mesmo possa ser resgatado, recuperado e devolvido à sociedade

‘Lugares InCORPOrados” é o título do livro do fotógrafo Rui Tavares, apresentado Sexta-feira, 27, na União dos Escritores Angolanos, pela Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA), em parceria com a Associação Kalú e a consultoria da Arquitecta Isabel Martins, em Luanda.

O volume, cujo lançamento se enquadra na jornada comemorativa do 30.º aniversário da Companhia de Dança Contemporânea de Angola (CDCA), tem a chancela da editora portuguesa Guerra & Paz. Reúne fotografias do autor, figurinos de Nuno Guimarães e produção executiva de Jorge António.

O mesmo conta com a coordenação e direcção artística de Ana Clara Guerra Marques, pesquisa e textos de Isabel Martins e Cristina Pinto. Faz parte do projecto que inclui também uma exposição itinerante que teve início no passado mês de Abril e terminará em Dezembro.

Neste projecto, 16 bailarinos de 4 gerações da Companhia de Dança Contemporânea de Angola foram fotografados em conjunto com 16 edifícios e lugares da cidade de Luanda, evocando a multiplicidade de laços sociais e afectivos que se estabelecem entre as pessoas e os lugares que habitam.

As fotografias dão relevo a um património de importância fundamental para a caracterização, história e memórias da cidade capital de Angola, numa abordagem às afinidades entre a dança e a arquitectura, enquanto linguagens que espelham, na sua tridimensionalidade, as relações entre o corpo, o movimento e o espaço.

Investindo num olhar que privilegia o estético e o artístico, o projecto procura alertar e participar na sensibilização da sociedade para o risco que corre parte fundamental deste património edificado, na esperança de que o mesmo possa ser resgatado, recuperado e devolvido à sociedade luandense.

Numa abordagem às afinidades entre a dança e a arquitectura, as fotografias de Rui Tavares revisitam a história e as memórias da cidade, através das relações entre o corpo, o movimento e o espaço. Recorde-se que, para o lançamento da obra, estão disponíveis 300 exemplares.

Bailarinos e lugares

O projecto “Lugares InCORPOrados” inclui os bailarinos, Samuel Curti, Afonso Feliciano, Dalton Francisco, Rossana Monteiro, Marcos Silva, Benjamim Curti, David Godirex, Rita Oliveira, Ana Clara Guerra Marques, Mónica Anapaz, Armando Mavo, André Baptista e João Paulo. Já no que aos lugares, refere- se, destacam-se os armazéns da Baixa de Luanda, a Casa de Sobrados (Clube Transmontano), a Cervejaria Beker, o Cine Karl Marx, o conjunto de sobrados (Baleizão, Colégio e Residência), o conjunto urbano (Rua dos Mercadores, Providência e Tipografia Minerva).

Completam a referida lista, o edifício Lello (antigo Palácio Penna), a Fortaleza de São Miguel, o Governo Provincial de Luanda, Maianga do Rey, Mercado do Kinaxixi, o Museu Nacional de Antropologia, o Nacional Cine Teatro, o Palacete Cor-de-Rosa, Sobrado e o Teatro Avenida.

Recorde-se que o projecto “Lugares InCORPOrados” foi apresentado no passado mês de Abril, no Centro Cultural Brasil Angola, em Luanda, em forma de exposição itinerante.

A mostra, patente actualmente no Camões-Centro Cultural Português em Luanda, pode agora ser visitada até 3 de Setembro, de Segunda-feira a Quinta, entre às 9 horas às 13, e das 14 às 17 horas. Prosseguindo Sexta-feira, entre às 9 às 13 horas, respectivamente.

CDC Angola

A Companhia de Dança Contemporânea de Angola, fundada em 1991, pela coreógrafa Ana Clara Guerra Marques, edificou, através de um percurso de inovação e singularidade, uma história exclusiva, que faz dela um colectivo histórico e único, num contexto artístico que permanece frágil, conservador e fortemente cunhado pelas danças patrimoniais e recreativas urbanas e pela ausência de um movimento de criação de autor, no plano da dança.

Provocando uma ruptura estética na cena da dança angolana e tornando-se, em 2009, uma companhia de Dança Inclusiva, a CDC Angola inaugurou o regime de Temporadas, criando uma linha de trabalho que, dispensando as narrativas de estruturação convencional, preferência propostas que confrontem o público com as suas próprias histórias, aspectos do seu quotidiano, das suas realidades sociais e condição de cidadãos de universos que se cruzam.