É de hoje…Cesta básica e orações

É de hoje…Cesta básica e orações

A última edição do semanário luso Expresso, propriedade do magnata do sector, Pinto Balsemão, noticiava que o preço da comida em Portugal ficaria mais elevado, uma situação que certamente deve ter mobilizado sectores influentes da economia local a gizarem projectos no sentido de se inverter o quadro que é apresentado.

Antes dos portugueses, uma informação com o mesmo teor, no Brasil, também anunciava uma subida acentuada nos preços do arroz, feijão e outros produtos, sobretudo aqueles que constituem a cesta básica dos nossos irmãos do Atlântico. Neste país, por causa da Covid-19 e as alterações climáticas, como referimos neste espaço em dias anteriores, os empresários, particularmente os ligados ao sector agropecuário, parece se terem mobilizado no sentido de ver o quadro revirado, para que a fome não fustigue ainda mais os necessitados.

No Brasil, por exemplo, a fome atinge já cifras admiráveis, um quadro certamente não diferente de Angola, onde milhares de cidadãos buscam alimento de várias formas, sendo que muitos deles até já entregues à caridade.

Porém, a forma como se lida com o assunto por parte dos empresários, políticos e até mesmo da própria sociedade civil difere bastante. Enquanto de um lado se fala da produção, os insumos e outros aspectos que possam ajudar o Executivo a fazer chegar mais alimento à mesa dos que necessitam, entre nós o assunto acaba por morrer nos simples murmúrios, embora exista quem, sozinho, navegue nesta maré turbulenta, dando o seu exemplo e ajudando para melhorar a oferta.

Não sendo ateu, sempre acreditei na existência de um Ser superior lá no Céu. Do mesmo modo também estamos cientes de que as sagradas escrituras há muito que nos indicaram o caminho, segundo o qual daí a ‘César o que é de César e a Deus o que é de Deus’.

Para que os nossos pedidos sejam atendidos, é importante que se coloque também a mão na massa e não esperar que um simples decreto caía do céu e baixe o preço dos bens que compõem a cesta básica. Por isso, muitas das imagens que nos são dadas a ver hoje, com políticos a rogarem aos céus para que os preços do arroz, da farinha de milho e outros produtos baixem de preços, não deixam de ser quase infelizes e irónicos.

Não que não se deva clamar, mas simplesmente porque estas acções certamente que surtirão mais efeitos se forem acompanhadas de projectos ou outras iniciativas junto do Executivo ou até mesmo da população para que possam melhorar as técnicas de cultivo, a aquisição de produtos ou ainda empréstimos bonificados para que aumentem a produção.

O principal contributo que se pode dar são ideias, claras, concisas, funcionais e não simples orações que vimos. O país precisa de multiplicar jovens como Alfeu Vinevala, esta semana transformado em conselheiro do Presidente da república, que do seu Chinguar se fez hoje um dos maiores produtores de batata-rena no país. Ou ainda ver surgir outras Paula Bartolomeu, a estadista, que fez do campo também o seu ganha pão, tornando-se numa referência para jovens destemidos, com conselhos também úteis à sociedade.