É de hoje… Ventos de Cuanza-Norte

É de hoje… Ventos de Cuanza-Norte

Os últimos poderão ser os primeiros foi uma das expressões usadas pelo Presidente da República, João Lourenço, num primeiro momento quando chegou à província do Cuanza-Norte, situada a escassos quilómetros da capital do país.

A visita desta semana foi adiada algumas vezes, como reconheceu o Chefe de Estado, desculpando-se devido aos seus afazeres, tendo em conta a necessidade que se sentia no sentido de se ver satisfeitas algumas das preocupações, com base nas promessas feitas para as populações desta província com um importantíssimo significado na luta anti-colonial e na própria história do partido que proclamou a Independência: o MPLA.

Sabe-se que foi no Golungo Alto, um importante concelho do país, que vieram ao mundo fi guras como Mário Pinto de Andrade e tantos outros nomes a quem o próprio presidente, ainda enquanto candidato, fez a devida vénia durante o trajecto que o levou ao palácio da Cidade Alta.

À semelhança do Bengo, Cuanza-Sul e CuanzaNorte, estas são, na verdade, as províncias limítrofes e que seriam transformadas em autênticos escapes para a solução do engarrafamento populacional que se vive na capital, assim como para a implementação de projectos vários que servissem para atender a capital e as demais localidades do país.

As enormes potencialidades que possuem, isto é, terras férteis, água, energia eléctrica e a proximidade com o principal ponto de decisão do país podem servir de mais-valia para o surgimento de grandes projectos industriais e, com isso, até fazer com que a grande demanda de jovens desempregados que existem inundarem estas regiões.

Não é em vão que, por exemplo, o governador do Cuanza-Norte, Adriano Mendes de Carvalho, tenha manifestado o desejo de ver a província que dirige a transformar-se, novamente, no quarto maior parque industrial do país, à semelhança do desenvolvimento que num período áureo vivia. Claro que alguns sinais vão sendo dados. Mas parecem ténues, quando até um dos maiores símbolos da província do Cuanza-Norte, a cervejeira Eka, afecta à empresa francesa BGI, tenha manifestado a intenção de se afastar do Dondo para se instalar em Luanda.

O afastamento neste momento pode compreender um duro golpe ao já incipiente parque industrial. Porém, cremos que a insignificante distância de duas horas ou menos, assim como a adopção de determinados incentivos poderiam travar a saída de alguns empresários e aumentar ainda mais o interesse de outros. Por exemplo, a instalação de pólos industriais e a expropriação daqueles que se acapararam de enormes parcelas de terreno sem qualquer proveito também levaria outros interessados.