Carteira de investimento do Fundo Soberano avaliada em mais de 2,8 mil milhões USD em Junho

Carteira de investimento do Fundo Soberano avaliada em mais de 2,8 mil milhões USD em Junho

O valor em causa, segundo o Governo, corresponde a disponibilidades e aplicações em instrumentos financeiros, nomeadamente títulos corporativos e governamentais, entre outros, e investimentos em subsidiárias, correspondendo, estes últimos, a 693 milhões de dólares

A posição não-auditada da carteira de investimentos do Fundo Soberano de Angola (FSDEA) ficou avaliada em 2.889 milhões de dólares, até Junho de 2021, indica o Ministério das Finanças no relatório de execução do Orçamento Geral do Estado, referente ao segundo trimestre do corrente ano.

O valor em causa, segundo o documento, corresponde a disponibilidades e aplicações em instrumentos financeiros, nomeadamente títulos corporativos e governamentais, entre outros, e investimentos em subsidiárias, correspondendo, estes últimos, a 693 milhões de dólares.

No valor global da carteira de investimentos do FSDEA estão incluídos os recursos cativos do Banco Nacional de Angola (BNA) que, à data do reporte, se cifravam em 600 milhões de dólares, para financiamento do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), aprovado pelo Despacho Presidencial n.º 222/19, de 18 de Julho.

No que se refere a programação financeira do trimestre em referência, O FSDEA previu receitas no valor de pouco mais de 7,1 milhões de dólares que representa 26% do valor global da receita orçamentada para o corrente ano. Já do lado das despesas, foram projectados, para o período, valores acima dos 2,4 milhões de dólares, o que representou 19% da despesa total prevista para o ano.

Mas, em termos concretos, foram geradas receitas no valor de mais de 8,4 milhões de dólares enquanto as despesas executadas fixaram- se em pouco mais de 2 milhões de dólares, correspondendo a uma execução de 118% e 85%, respectivamente.

Segundo dados oficiais, as receitas do período resultaram dos investimentos realizados na carteira líquida, tendo os instrumentos de renda fixa gerado os montantes de 4,3 milhões de dólares e 451,2 mil dólares, relativos a cupões e juros, respectivamente. As receitas geradas, no segundo trimestre de 2021, resultaram também dos instrumentos de renda variável, que garantiram dividendos avaliados em mais de 3,5 milhões de dólares.

Em relação a despesa executada no período, 41% dizem respeito a despesa com a comissão de gestão da carteira líquida, referente ao primeiro trimestre de 2021 e 59% são despesas operacionais, que incluem os encargos com o pessoal, executadas no valor de 503,3 mil dólares, a despesa com fornecimentos e serviços de terceiros, executadas em 604,1 mil dólares e despesas financeiras no valor de 106,6 mil dólares.

Queda acentuada nos resultados de 2020

Depois dos lucros anunciados em 2019, avaliados em mais de 234 milhões de dólares, O FSDEA registou uma acentuada queda de 74,61 milhões de dólares nos resultados de 2020, conforme indica o seu relatório e contas referente ao primeiro trimestre de 2021.

No ano passado, a instituição em causa tinha activos de 2.953 milhões de dólares e capitais próprios de 2.243 milhões de dólares. Já na comparação com o primeiro trimestre de 2021, os activos do FSDEA registaram um aumento de cerca de 1% ao totalizar, no período em referência, um valor total de 2.977 milhões de dólares.

Em relação ao capital próprio houve igualmente um aumento de 1%, tendo este valor ascendido a 2.267 milhões de dólares, nos primeiros três meses do presente ano contra os 2.243 milhões de dólares apurados em Dezembro de 2020.

Segundo o FSDEA terá contribuído essencialmente para este crescimento “o bom desempenho da carteira líquida” que registou um aumento de 10,2 milhões de dólares, no primeiro trimestre de 2021.

A 31 de Março do corrente ano, o resultado líquido da instituição cifrou-se em pouco mais de 23,6 milhões de dólares, tendo sido impulsionado sobretudo “pela continuidade do desempenho positivo dos instrumentos financeiros (de dívida e de capital) nos mercados internacionais ocorrido, tendo o FSDEA obtido, no período em destaque, resultados relativos à valorização dos instrumentos no valor de mais de 19 milhões de dólares”. Contudo, o FSDEA detalha, no entanto que o resultado do período (primeiro trimestre de 2021) não incorpora os resultados das subsidiárias, sendo que os activos a elas subjacentes, devem sujeitar- se ao processo de avaliação ao justo valor, situação que deverá ocorrer apenas no final do presente ano.

Em actividade desde 2012, o FSDEA é uma instituição especializada em investimentos estratégicos que participa de forma directa e indirecta no capital de várias empresas criadas no âmbito dos investimentos alternativos, particularmente em Angola (nos ramos da agricultura, silvicultura e infra-estruturas), nas Ilhas Maurícias, no Ghana e Zâmbia (no ramo hoteleiro) e na Austrália (no ramo mineiro).

António Nogueira