É de hoje… O pote de mel dos novos tempos

É de hoje… O pote de mel dos novos tempos

Por mais que se tente menosprezar os novos tempos, há situações que não devem passar despercebidas por causa do simbolismo que elas encerram. Durante largos anos fez escola as afirmações de administradores comunais, municipais e até governadores provinciais de que levariam a tribunal os empreiteiros que não honrassem com os contratos celebrados com o Executivo para a realização de empreitadas públicas.

Das várias promessas que eram feitas, sobretudo aos órgãos de comunicação social, denotava, muitas vezes, não existir qualquer seriedade. De tal sorte, para azar dos próprios cidadãos, em muitas regiões do país, nos últimos tempos, ainda surgiram informações de empreiteiros que fugiram com dinheiros públicos e abandonaram as referidas obras.

A reincidência levava muitos angolanos a acreditarem que existisse convivência entre os prófugos e algumas entidades públicas. Primeiro, devido à forma como tinham acesso às referidas obras públicas, segundo porque nunca se abriam os processos crimes, sendo que muitos se abalaram para o exterior onde levam uma vida principesca.

Talvez influenciados pelos tempos anteriores, houve quem não se coibisse de nesta fase ainda tentar aliviar os cofres públicos com recursos aos expedientes sobejamente conhecidos. Nem mesmo os recursos do Programa Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM) estavam a ser poupados, surgindo de vários pontos do país suspeitas de sobre-facturação e até mesmo de malbaratamento dos mesmos, apesar do rigor imposto para a consignação das obras.

Em Malanje, por exemplo, teve início o julgamento do antigo administrador de Cacuso, o mais importante pólo industrial da província, albergando inúmeras fábricas e outras em nascimento ou crescimento.

Além da suspeita de descaminho de mais de 120 milhões de kwanzas, juntamente com um empresário Carlos Mulo, proprietário de empresa Zecind Lda, ao antigo responsável são ainda imputados crimes de violação das normas de execução do plano orçamental do município, do PIIM (Plano Integrado de Intervenção nos Municípios) e má gestão de fundos destinados ao apoio a famílias sinistradas.

Lançado com base nos fundos provenientes do Fundo Soberano, o PIIM é hoje uma das principais iniciativas do Executivo, tendo inclusive merecido aplausos da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST) e solicitação para que se estenda a todos os pontos. Só que esta mesma iniciativa é também vistas por determinados indivíduos para, uma vez mais, lançar as mãos ao pote de mel. Pena que não tenham percebido que se vive uma nova fase em que acções do género não podem ser toleradas nem merecer perdão.