PR diz que Angola tem espaço para mais investidores

PR diz que Angola tem espaço para mais investidores

O Presidente da República, João Lourenço, afirmou, ontem, que Angola dispõe de espaços para investidores, fundamentalmente em áreas livres e em novas zonas de exploração das bacias sedimentares, onde se torna necessário quantificar o potencial de recursos de hidrocarbonetos

Ao discursar por víde-oconferência no primeiro dia de trabalhos da sessão plenária do IV Fórum Internacional “Semana de Energia Russa”, que decorre em Moscovo, Federação da Rússia, João Lourenço lembrou que Angola reestruturou o seu sector petrolífero. Neste sentido, disse que foi criada a Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), com a função de concessionária e reguladora do “upstream”, e o Instituto Regulador dos Derivados do Petróleo (IRDP), com a função de regulador do “mid-downstream”.

Explicou que a Sonangol passou a ter o seu foco nas actividades da cadeia de valor do sector petrolífero, isto é, prospecção, pesquisa, avaliação, desenvolvimento e produção de petróleo bruto e gás natural, refinação, transporte, armazenagem, distribuição e comercialização de produtos derivados. Angola produz actualmente cerca de 1 milhão e 130 mil barris de petróleo por dia e 2,7 mil milhões de pés cúbicos de gás natural por dia. João Lourenço afirmou que a actividade de exploração e produção de hidrocarbonetos tem-se limitado, essencialmente, ao petróleo bruto.

Referiu que, dada a necessidade do aproveitamento económico do potencial de gás natural existente no país, bem como a eliminação da respectiva queima, foi implementado o projecto de construção da fábrica Angola LNG, uma parceria entre a Sonangol, Chevron, BP, Eni e Total, para liquefação do gás natural. O projecto, segundo o estadista angolano visa o aproveitamento eficiente dos jazigos de hidrocarbonetos gasosos, bem como promover a diversificação da economia angolana. Disse que estão em curso acções tendentes à efectivação do Novo Consórcio de Gás, que tem como objectivo o desenvolvimento de gás não-associado com vista a permitir o fornecimento contínuo de gás à fábrica Angola LNG e, consequentemente, o fornecimento de gás à Central de Ciclo Combinado do Soyo e a indústria de fertilizantes, no âmbito da diversificação da economia angolana.

Oportunidades

O Presidente João Lourenço considerou que o desenvolvimento do sector de gás constitui uma oportunidade para as empresas russas, tendo em conta a experiência que detêm nesse domínio, para contribuírem na criação de siderurgias, fábricas de fertilizantes, de geração de energia e outras. Ainda para o “upstream”, de acordo com o Chefe de Estado, o Executivo aprovou uma estratégia de exploração de hidrocarbonetos para o período 2020-2025, visando a expansão do conhecimento geológico e o acesso aos recursos petrolíferos nas bacias sedimentares de Angola, com o objectivo de repor e aumentar as reservas petrolíferas. Frisou ainda que com o fim de aumentar a produção petrolífera nacional, o Executivo aprovou a estratégia de licitação de novos blocos petrolíferos para o período de 2019-2025, que prevê licitar mais de 50 blocos. “Para complemento e reforço dessa estratégia, o Executivo aprovou igualmente o Regime de Oferta Permanente de blocos, um instrumento que visa a promoção e negociação permanente de blocos licitados não adjudicados, áreas livres de blocos concessionados e concessões atribuídas a concessionária nacional, abrindo-se também aqui, uma oportunidade para as empresas russas”, clarificou.

Autossuficiência de produtos refinados

Sublinhou que com o objectivo de garantir a autossuficiência de produtos refinados, o Executivo está a promover a implementação de projectos de construção de três refinarias, nomeadamente em Cabinda, Soyo e Lobito. Com a construção destas refinarias, salientou, “Angola passará a ter uma capacidade de refinação de cerca de 425 mil barris por dia de petróleo bruto”. “Aqui configura-se uma oportunidade de investimento para as empresas russas, na construção da refinaria do Lobito, uma vez que ainda decorre o concurso público internacional de parceria societária que termina em Outubro do corrente ano”, exprimiu.

Ao constatar que a indústria petrolífera é susceptível de gerar emissões de gases de efeito estufa que contribuem para o aquecimento global, advogou que o Governo angolano orienta que todos os intervenientes na actividade de exploração e produção petrolífera adoptem medidas de mitigação e compensação, como a melhoria da eficiência energética, a criação de florestas ou a reflorestação. João Lourenço destacou o avanço do fenómeno das alterações climáticas e a crescente preocupação ambiental, a transição energética para uma economia de baixo carbono, o que constitui actualmente um tema que configura a agenda de vários países.