Polícia trava “festa” de trigo na Catumbela

Polícia trava “festa” de trigo na Catumbela

Um camião carregado de trigo, com a matrícula A6-37-83, saído do Porto do Lobito, capotou ontem, às 4 horas da manhã, na Estrada Nacional número 100, nas imediações da Catumbela, quando o condutor da viatura evitava atropelar uma cidadã. A Polícia Nacional, uma vez mais, foi chamada a intervir e evitou que os moradores dos bairros Vimbalambi, Quilómetro 27 (Damba), Taka, entre outros, saqueassem o produto na sua totalidade

Centenas de cidadãos fizeram-se à estrada às primeiras horas do dia, tão logo se aperceberam de que havia um carro capotado, transportando trigo. Munidos de bacias e vassouras, alguns cidadãos ainda chegaram a pilhar uma quantidade considerável do produto, importado a granel pela empresa Leonor Carrinho, por sinal, integrante de uma comissão criada pelo Governo Provincial de Benguela para pôr fim a práticas do género, conforme noticiou o Jornal OPAÍS na sua edição de ontem, Quinta-feira.

Alberto Passasse, motorista do camião, contou que saía do Porto Comercial do Lobito em direcção ao complexo industrial Leonor Carrinho quando, de repente, se viu confrontado, precisamente na Catumbela Praia, com a presença de uma cidadã com o bebé às costas que tentava fazer a travessia da margem direita à esquerda. Na tentativa de evitar atropelar a cidadã, desviou o camião para uma vala, tendo, naquele mesmo instante, capotado, conforme relatou aos órgãos de comunicação social Alberto Passasse.

O motorista, que saiu ileso do acidente, considera curioso o facto de a cidadã que ele tentou atropelar ter sido um dos primeiros cidadãos a saquear o camião contendo trigo, que, com o capotamento, o produto acabou todo no chão. “Eu fiz de tudo para não ir contra a senhora (…). A minha sorte é que 15 minutos depois a Polícia apareceu. Mas, ainda assim, alguns cidadãos conseguiram retirar algum trigo.

Quando a Polícia apareceu, conseguiu conter os cidadãos”, explicou. À reportagem do jornal O PAÍS, uma cidadã justificou a acção com o problema de fome, enfatizando que, para quem não tendo uma fonte de sustento, a varredura na estrada tem sido a solução encontrada. “Nós não temos emprego. Nós vimos só de manhã muito cedo outros a tirarem trigo e eu também o fiz”, frisou uma cidadã na casa dos 50 anos.

Em declarações ao Jornal OPAÍS, um oficial da Polícia Nacional disse que os agentes se tinham sujeitado a um trabalho árduo devido à ânsia de determinados cidadãos. No local, a reportagem deste jornal divisou um número considerável de cidadãos que, munidos de bacias, baldes e não só, aguardava por uma distração da Polícia para voltar a invadir o camião que se encontrava cercado de agentes.

POR: Constantino Eduardo, em Benguela