Associação de camionista projecta carteira profissional para a classe

Associação de camionista projecta carteira profissional para a classe

A medida visa diminuir o índice de sinistralidade que envolve condutores de camiões e outros veículos com aproximada ou mesma capacidade, segundo o líder da organização, que adiantou ainda o projecto como um reforço de consciencialização dos direitos e deveres dos condutores

O presidente da Associação de Camionistas de Angola(ACA), Sabino Vieira da Silva, revelou a O PAÍS que a sua organização está a envidar esforços para ter centros de formação para os camionistas, de modo que, a médio ou longo prazo, os mesmos se habilitem a uma carteira profissional.

“Quando se efectivar o projecto e começarem a ser entregues as primeiras carteiras já poderemos estimar o tempo preciso em que se poderá determinar que nenhum condutor sem a carteira conduza um camião com capacidade de 30 ou mais toneladas”, disse o presidente da ACA, tendo informado que já encetou contactos com algumas instituições do Estado para a formalização do projecto.

Trata-se de instituições ligadas aos ministérios dos Transportes e Administração Pública, Trabalho e Segurança Social(MAPTSS), bem como a Direcção Nacional de Viação e Trânsito, estabelecimentos dos quais o representante dos camionistas em Angola garantiu ter recebido apoios preliminares.

“Já reunimos com o director nacional do MAPTSS e com o secretário de Estado e com representantes do Ministério dos Transportes com quem falamos sobre a necessidade e urgência da formação e da segurança social dos profissionais do volante”, realçou o presidente da ACA.

Sabino Vieira da Silva assegurou que já recebeu o aval do Ministério dos Transportes para a criação do centro, tendo acrescentado que esta instituição do Estado os aconselhou a formalizarem procedimentos para que seja o MAPTSS a ´acreditar´ essas carteiras profissionais.

“O Ministério da Administração Pública, Trabalho e Segurança Social já nos deu orientação necessária de aquisição da documentação. Tivemos igual tratamento da Viação e Trânsito, ao ponto de termos agendado um encontro ainda para esta semana”, frisou Sabino da Silva, adiantando que aos órgãos fiscalizadores e regulador do trânsito em Angola agrada a ideia de criação de um centro de formação.

Ao líder dos condutores de veículos motorizados pesados preocupa o facto de, no país, se formar mais motoristas e poucos camionistas. Por isso, reiterou que o foco da sua organização é aquilo que representa a necessidade do momento.

Segundo Sabino da Silva, a sua associação vai formar camionistas com habilitação para conduzir camiões com mais de 30 toneladas que possam dominar as manobras com trailler.

Para que a finalidade de regulação de capacidade dos motoristas seja alcançada, o presidente da associação de camionistas conta com a intervenção do Ministério dos Transportes e da Viação e trânsito.

Uma exigência por decreto não está fora dos projetos da ACA, para a qual a legislação acaba sempre por dar um peso maior aos projectos.

Empresas terão de atender ao tempo de formação

“Acontece que, apesar de muitos terem a carta de condução da categoria pesada, nunca conduziram um camião com a tonelagem que nos preocupa, mas, se lhes aparece um emprego do género, eles aceitam sem pestanejar”, frisou o entrevistado.

Sabino da Silva informou que,nesses casos, esses motoristas vão acabar por aprender quase tudo na estrada, enquanto, cometendo erros, também vão danificando bens e seres humanos.

O interlocutor de OPAÍS reconheceu que nem todos camionistas receberam a notícia de bom grado, por se tratar de um projecto pioneiro, na Angola pós-independência, mas prometeu que a ACA vai esforçar-se a esclarecer melhor os moldes em que vai ocorrer a formação.

“As empresas terão de atender ao tempo e aos moldes da formação, sem porem em causa o emprego dos camionistas, até porque a associação pensa levar os formadores ao encontro dos formandos, para não complicar as suas vagas”, salientou Sabino, tendo, igualmente, revelado que já enviaram cartas a muitas empresas de camionagem.

Importa referir que a ACA projecta criar os primeiros dois centros de formação nos municípios de Cacuaco e Lobito, respectivamente nas províncias de Luanda e Benguela, uma estratégia que o representante justifica com a ideia de as regiões Norte e Sul, embora tenha anunciado que, com o andar do tempo, venham a surgir outras escolas.