É de hoje… Realismo no Uíge

É de hoje… Realismo no Uíge

Foi bom escutar ontem o governador do Uíge, José Carvalho da Rocha, demonstrando o estado em que se encontra a província que dirige durante a visita que cumpre o Presidente da República, João Lourenço.

Das questões sociais, políticas e económicas, o responsável máximo da província apresentou um quadro realista nos domínios citados, independentemente da situação em que se encontram, apesar dos esforços que vão sendo feitos pelo Estado.

Na verdade, há uma quase unanimidade em torno dos problemas que apoquentam o interior, que vão desde a saúde, educação, cultura, economia e até política. É por demais sabido o potencial existente, assim como as dificuldades por que passam os populares locais e os empresários para se levar avante as acções do Executivo, o que exige do Estado uma nova abordagem para que os projectos saiam do papel e tenham influência na vida das pessoas.

Por exemplo, algum tempo depois de ter sido lançado o Programa Integrado de Intervenção aos Municípios (PIIM), foi bom saber que o Uíge beneficiou de mais de 80 projectos, sendo que apenas 50 e tal se encontram em fase de execução.

Certamente que o número pode ser satisfatório uma vez que existem localidades cuja implantação de tais projectos, mormente nos domínios da educação, saúde, reabilitação de estradas e até mesmo no desporto, não tenha ainda atingido o mesmo nível. Ainda assim, é importante que não se descure sequer a importância que o PIIM representa caso o Executivo queira levar a bom porto os seus intentos e satisfazer as necessidades dos cidadãos.

Se os projectos de natureza económica exigem uma outra forma de abordagem, os sociais podem começar a ser atenuados se os empreendimentos há algum tempo anunciados começarem a ser inaugurados para diminuir o número de crianças fora do sistema de ensino, aumentar o leito nos hospitais ou ainda permitir que a prática de actividades desportivas e até económicas retorne com uma maior afluência.

Não obstante as dificuldades apresentadas pelo governador no Uíge, foi bom observar que não procurou pintar um quadro distante daquilo que realmente se vive na província que dirige. Estamos cientes das dificuldades por que passam milhares de angolanos. Mas, ainda assim, quando elas chegarem ao Chefe de Estado com um maior realismo, claro que a busca de soluções encontrará sempre caminhos mais realistas, nem que, para tal, seja feito com recurso ao apoio daqueles que passam tais vicissitudes.

Por exemplo, foi bom ouvir do governador da província que está em curso um projecto de auto-construção dirigida para aliviar a carência de habitação que se observa no Uíge e noutras partes do país. Os passos já dados pelo governo do Cuanza-Norte, onde esteve recentemente o Presidente João Lourenço, serviram de bússola para Rocha e seus colaboradores, com o máximo realismo possível.