Assassinato do filho da vice-governadora dispara alarme da criminalidade na Catumbela

Assassinato do filho da vice-governadora dispara alarme da criminalidade na Catumbela

O município da Catumbela está a ser tido como o epicentro da criminalidade que graça a província de Benguela, instalando, deste modo, um sentimento de insegurança nos cidadãos, que pedem, desde já, uma intervenção da Polícia Nacional, esta que, em muitos casos, não consegue dar resposta devido à manifesta incapacidade técnica

Nos últimos tempos, da Catumbela vêm relatos de vários actos de criminalidade. Assassinatos, violações, roubos e furtos compõem a ementa de um cenário que os cidadãos do município mais-novo da província de Benguela querem ver alterado. O assassinato do filho da vice-governadora para o sector político e social, Deolinda Valiangula, fez disparar os alarmes para a necessidade de se prestar uma atenção especial à municipalidade.

Rezam os factos que Mauro Leopoldino, filho de Valiangula, estaria na paragem, à espera de táxi, no Luhongo, quando teria sido interpelado por alguns meliantes que se queriam aproveitar dos seus haveres. Por este ter manifestado resistência, foram desferido vários golpes fatais e, de seguida, o corpo foi abandonado no local do incidente.

A família teria tomado conhecimento da ocorrência depois de o Serviço de Investigação Criminal ter comunicado, por via de uma rádio local, em que se apresentava as suas características físicas, bem como a indumentária.

Face à falta daquilo a que muita gente chama de eficácia da PN, cidadãos de alguns bairros têm vindo a optar por justiça por mãos próprias, contrariando, assim, determinados dispositivos normativos segundo os quais caberá apenas aos órgãos do Estado fazê-la. Tal é o caso de um jovem a quem acusam de meliante, na casa dos 20 e poucos anos, recentemente apedrejado por populares na localidade da Catumbela.

“Nós, aqui, temos muitos problemas. Por exemplo, é complicado, para nós, ficar na paragem à espera de táxi à noite”, reclama um cidadão, sob anonimato, que defende que se canalizem todos os meios disponíveis para combater a criminalidade na Catumbela.

“Mesmo no município de Benguela, há muitos assaltos. O nosso espanto é que, quando há manifestações, a PN faz demonstração de meios sofisticados”. Há dias, conforme tinha constatado este jornal, a PN fez demonstração de meios na rotunda do Cavaco, um outro palco de criminalidade, como sugeriram alguns cidadãos à nossa reportagem.

Quadro estável e controlado para a Polícia

Entretanto, apesar de vários cenários de crime, os dados do Comando Provincial da PN relativamente à criminalidade sugerem um quadro ‘estável e controlado’.

A O PAÍS, o porta-voz da polícia nacional, inspector-chefe Ernesto Chiwale, anunciou um plano de intensificação do policiamento naquela localidade. De acordo com o Ernesto Chiwale, o comando provincial está a acompanhar atentamente a situação da Catumbela e assegura que, além do anunciado plano, há uma série de estratégias já accionadas na perspectiva de se inverter o actual quadro.

Momentos antes de ter falado com O PAÍS, o porta-voz da PN ressaltou, em entrevista a uma rádio local, que, no último fim-de-semana, mais um homicídio foi registado na Catumbela, precisamente na comuna da Praia do Bebé, tendo sido vítima a cidadã Paulina Tchissaca, de 24 anos de idade. O namorado é apontado como presumível autor do referido homicídio.

O jornalista Ramiro Aleixo fala de vários factores que, neste momento, concorrem para o alto nível de criminalidade na província de Benguela, a começar pela degradação da situação social de muitas famílias e lamenta o facto de a PN estar desprovida de meios técnicos, como viatura, por exemplo, para fazer face ao problema.

Em declarações à rádio Ecclésia, o jornalista adverte, porém, que é missão da polícia nacional trabalhar arduamente a fim de que se ultrapasse este problema social, por ser, como argumenta, o papel daquele órgão de segurança garantir a tranquilidade social.

Um outro ponto que, em certa medida, preocupa o comentarista da emissora católica tem que ver com o quadro salarial dos polícias, para quem se afigura impossível combater a criminalidade com baixos salários.

Constantino Eduardo, em Benguela