Cultura africana narrada em obra literária infantil

Cultura africana narrada em obra literária infantil

O lançamento do livro “Minhas Roupas, Minhas Raízes”, que explora a riqueza e a beleza das vestimentas africanas e o seu valor na identidade cultural de cada povo, de autoria de Henrique Sungo e Paula O.M. Otukile, do Botswana, será realizada no Sábado, 17, às 12 horas, no Palácio de Ferro, em Luanda

Durante o acto, haverá a assinatura de autógrafos, e os autores manterão conversas com os presentes sobre o processo criativo para a elaboração do livro, que teve início em Junho do ano passado até Abril do corrente.

Compõem a obra infanto-juvenil 76 páginas que narram a estória de uma menina, a Malaika, apaixonada por roupas africanas, com a qual os autores pretendem mostrar as indumentárias de países de África como identidade cultural, sem deixar de parte os seus hábitos e costumes aos mais pequeninos.

Quanto ao trabalho, Henrique Sungo, angolano residente no Reino Unido, em conversa com este jornal avançou que o livro explora o sentido da demonstração dos nossos trajes, desde a samakaka, tecido usado em Angola, até ao kente utilizadono Gana.

Pela beleza que observa da cultura africana, o também cineasta defende que a nossa cultura deve ser representada por nós, em primeiro lugar, para maior aceitação pelo mundo.

“O livro também descreve, por intermédio da menina Malaika, que não interessa o local ou a região onde nos encontramos, devemos sempre usar e valorizar as nossas roupas assim como as nossas raízes.

Vestir bem é estilo e vaidade, mas também é uma identidade cultural e social representativa”, sublinhou.

No país em que se encontra, Henrique Sungo contou que tem divulgado a cultura angolana e africana no geral, através das obras literárias divulgadas.

Como exemplo, falou do lançamento do livro infanto-juvenil “A esperança da Welwitschia”, há dois anos, o que desperta o interesse por parte dos cidadãos em visitar Angola, para conhecer as belezas naturais.

“O povo britânico encara isso de uma maneira maravilhosa; tanto a gastronomia, música e a literatura. Eles gostam de coisas novas e Angola está no radar britânico.

Tenho planos, como cineasta, de fazer um filme que começa em Angola e acaba na Inglaterra com mistura de actores dos dois lados”, disse.

Segundo o escritor, esta parceria, que resulta no lançamento do livro, surge de uma conversa tida com a autora Paula O.M Otukile, depois de terem participado num evento de premiação africano, na África do Sul, sobre literatura, onde com o escritor Beni Dya Mbaxi representaram o país, destecendo-se com a recepção de dois trofeus.

Durante a elaboração do livro, conforme disse o autor, foi possível ter maior contacto com a cultura do Botswana, pelo que observou terem maior ‘africanidade’ do que os angolanos, já que preservam melhor a sua cultura, a partir das línguas até nas suas vestimentas.

“Sinto que há semelhanças em alguns aspectos culturais e diferença noutros.

Ou seja, o Botswana, por ser uma colónia britânica tem uma maneira de estar, pensar e de lidar com as pessoas muito diferente.

Nós, angolanos, verdade seja dita, somos muito aportuguesados, infelizmente.

É preciso investirmos mais na educação cultural para a mudança deste paradigma”, disse.