Hernany Pena Luís: “A lógica de que o mercado auto-regula-se tem um pendor mais académico”

Hernany Pena Luís: “A lógica de que o mercado auto-regula-se tem um pendor mais académico”

O ministro do Comércio e Indústria alertou aos comerciantes a se absterem da especulação dos preços, durante a quadra festiva, sob pena de sansão. Qual é a sua opinião?

A preocupação é legitima. Tem um pendor político, enquanto homem da tutela do Comércio tem que ter algum posicionamento. Geralmente, nesse período de quadra festiva a procura de bens e serviços acaba sempre por ficar em alta. As pessoas querem estar reunidas em família e a procura por aperitivos, férias, promove uma procura frenética por determinados bens e serviços. E essa procura tendencialmente cria um cenário de escassez para determinados bens, e os vendedores ou os produtores aproveitam também para criar uma elasticidade no preço.

Estamos num período em que o nível de importação vai caindo, não decorrente da oferta, mas pelo facto de a moeda estar a níveis de depreciação muito acentuado que vai desincentivando as pessoas de fazerem recurso ao exterior. Mas aqui neste momento estamos a olhar para os bens que constituem a cesta básica. Os bens alimentares são os mais procurados nesta altura. O INADEC e as outras autoridades devem estar aí para assegurar que os produtos estejam a ser comercializados à luz do que é praticável legalmente, para que não haja margem de especulação, porque de alguma forma fere o poder de compra das famílias.

Como enquadrar o binómio ‘procura e oferta’ nessa declaração do ministro, considerando que isso é uma manifestação da economia de mercado?

Julgo que aqui a coisa não se pode ver de forma muito rigorosa, há escassez e o preço tendencialmente tem que subir. Há também aqui o efeito especulação. Acho que a manifestação vem exactamente para alertar o especulador de que estamos atentos. Trata-se da questão da margem de lucro legal e ilegal. Olho na perspectiva do especulador, pessoas que querem tirar lucros acima de 200 0u 300%, que não faz nenhum sentido.

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