Incubadora de ovos para o combate à pobreza “procura espaço” no município de Luanda

Incubadora de ovos para o combate à pobreza “procura espaço” no município de Luanda

O município de Luanda, dentro daquilo que é o programa de desenvolvimento local e combate à pobreza, é tido como o que modernizou a vida de muitas vendedeiras, com a entrega de carrinhos de venda de ginguba e banana assada.

A ideia tornou-se um cartão postal do município e trouxe uma boa imagem, mais higiênica, neste tipo de negócio, além de ter contribuído para que o mesmo visse as vendas dispararem.

A ideia dos carinhos de banana assada e ginguba está dentro do referido programa, com o objetivo de emponderar as mulheres, bem como a ideia da compra de incubadoras de ovos para a criação de pintaínhos e venda de galinhas, que regista uma certa dificuldade para o imediato arranque.

Maria Antónia, directora municipal dos Antigos Combatentes, Promoção da Mulher e Acção Social, explicou que o projecto das incubadoras não será possível beneficiar a todos os sete distritos do município de Luanda porque, para o seu desenvolvimento do mesmo, requer condições indispensáveis, sobretudo espaço suficiente e fornecimento regular de água, por exemplo, coisas que nem todos os distritos têm. Cada incubadora tem a capacidade incubar 352 ovos, no período de 21 dias.

Após o nascimento dos pintaínhos, estes ficam mais 45 dias para se tornarem em galinhas. Neste processo, cabe a cooperativa analisar o que será melhor, se é a venda dos pintaínhos ou das galinhas.

Embora o projecto seja viável, nem todos os distritos irão beneficiar, primeiro porque as incubadoras precisam de um espaço vasto, uma vez que com aquela capacidade de produção de pintaínhos, precisa-se de espaço para que se desenvolvam, antes da venda. Entretanto, apenas dois dos sete distritos apresentaram recinto , onde pode ser aplicado o programa, designadamente o do Ngola Kiluange e o da Maianga, nestas zonas já existem criadas três cooperativas que irão gerir o projecto.

Neste momento, as incubadoras do Ngola Kiluange já estão no distrito, a da Maianga, embora o aparelho já tenha sido comprado, ainda não foi instalado. Está-se a trabalhar no sentido de se criarem as condições para o seu funcionamento, pois o espaço tem de ser vasto e ter água corrente.

“O programa visa emponderar as famílias, por isso nós seleccionamos as famílias vulneráveis, com a ajuda dos distritos, e criamos esta cooperativa que irá gerir a incubadora. Temos quatro incubadoras e já três cooperativas criadas.

Vai-se criar uma quarta cooperativa para que cada uma gera uma incubadora. Cada cooperativa é composta por 10 elementos”, ressaltou.

Novo projecto à vista para as mães solteiras

Em entrevistada ao OPAÍS disse que no decorrer do presente ano será implementado um novo projecto, que não avançou o que é, por não ter ainda autorização, que irá beneficiar apenas mães solteiras, dos 18 aos 50 anos, que não têm nenhum rendimento económico e vivem em situação de pobreza extrema.

Apesar de reconhecer que existam também mulheres que vivem com os seus parceiros e passam por necessidades, mas neste quadro das dificuldades tenciona ainda priorizar aquele grupo, de mães solteiras.

A atenção da administração do município de Luanda está muito virada às mulheres, por terem registado a existência de muitas famílias mono-parentais, onde são as mulheres que cuidam dos filhos, vítimas de abandono e violência doméstica. Daí a necessidade de dar uma certa liberdade financeira a estas mulheres, no âmbito do combate à pobreza.

Segundo Maria Antónia, os beneficiários do programa de combate à pobreza, de modo geral, são identificados ao nível dos distritos, tendo em conta que são eles que estão em contacto directo com a comunidade.

Três distritos com maior vulnerabilidade

Apesar de todos os sete distritos merecerem a contribuição do programa em questão, existem aqueles cuja preocupação deve ser elevada pelo facto de ter mais famílias em situação de vulnerabilidade.

A directora municipal dos antigos combatentes, promoção da mulher e acção social, Maria Antónia, disse que depois de feito o diagnóstico de vulnerabilidade social, nos sete distritos, nomeadamente Sambizanga, Rangel, Maianga, Ingombota, Samba, Neves Bendinha e Ngola Kiluange, com um total de 28 bairros previstos, os trabalhos foram desenvolvidos em apenas 24, não tendo havido nos outros quatro a colaboração por parte da comunidade.

Os bairros com índice elevado de vulnerabilidade são o Catinton e os dois Cassequel, no distrito urbano da Maianga; Boa Vista, na Ingombota; Samba Pequena, Povoado e Camuxiba, no distrito urbano da Samba.

“Os outros distritos também registam situações de vulnerabilidade, mas estes três registaram maior índices. Temos crianças fora do sistema de ensino, sem registo de nascimento, unidades hospitalares que não conseguem responder à demanda de alguns serviços”, explicou.

Algumas situações de vulnerabilidades social que foram constatadas nos distritos urbanos não terão respostas no programa de combate à pobreza, e sim no PIIM, porque o programa actualmente obedece a outro nível de execução.

No que tange à saúde, a responsável assegurou que ao longo do ano em curso, serão criadas e equipadas salas de tisiologia em duas unidades de saúde já existentes nos distritos urbanos, por forma a diagnosticar patologias como a tuberculose. Sendo que à margem do sector da saúde foram desenvolvidos programas de sensibilização a crianças vítimas ou portadoras de VIH Sida e nas mulheres, além de os doentes receberem apoios em medicamentos.

Para o sector da educação foi disponibilizada verba para merenda escolar, por forma a manter e diminuir o índice de reprovações nas escolas. Sem precisar o valor alocado, afirmou que foi possível beneficiar mais de 7 mil crianças, no ano passado.

Esta cifra porque anteriormente o programa tinha os eixos bem definidos e o montante para cada acção. Por forma a ver ultrapassada a situação de falta de registo de nascimento das crianças, Maria Antónia disse que estão a trabalhar com a área do notário nacional, onde são enviadas as solicitações de registo e com as conservatórias tratam esta situação.

Trabalham actualmente com o distrito do Sambizanga, mas têm encontrado muitas dificuldades, porque existem pais que não têm nenhum registo ou documento que os identifica como angolano.

“Muitos deles nem cartão de eleitor têm, porque com este documento conseguimos fazer o registo do pai e das crianças. Outros alegam falta de dinheiro, mas outros é mesmo desleixo ou falta de interesse dos adultos, sobretudo nos bairros em que encontramos o índice de pobreza muito elevado”, lamentou.

Romão Brandão e Stela Cambamba