Marcha da ANASO ‘pressiona’ disponibilidade de antirretrovirais

Marcha da ANASO ‘pressiona’ disponibilidade de antirretrovirais

A marcha virtual de ontem, onde cada um a sua maneira, vestido de branco, mostraria a solidariedade para com os PVVIH, contra a falta de antirretrovirais de 2ª linha em Angola, foi promovida pela Rede Angolana das Organizações Não Governamentais de Luta Contra o VIH/SIDA (ANASO).

O presidente da ANASO, António Coelho, disse que a advocacia das organizações da sociedade civil fez com que o Governo reagisse positivamente para a resolução do problema.

Ontem, a ministra da Saúde, Silvia Lutucuta, convocou o Instituto Nacional de Luta Contra a SIDA e a ANASO para um encontro alargado, no sentido de se discutir a situação da SIDA em Angola e principalmente os antirretrovirais.

Criou-se uma comissão, composta pela ONU-SIDA, a ANASO e o Instituto, que visitou os hospitais Divina Providência e Esperança, ontem, para constactar o problema. “De facto, os medicamentos chegaram e estão no armazém.

O nosso desejo é que estes não estejam mais armazenados e sim distribuídos nas unidades sanitárias para que cheguem aos destinatários. Vamos continuar a fazer este tipo de advocacia para que não voltemos a registar isso”, defende.

A insistência daquele líder associativista vem pelo facto de as PVVIH, com a inexistência dos fármacos cria uma resistência no seu organismo, mutação viral que reduz a imunidade e os doentes correm risco de vida.

Nos últimos três meses, o país ficou sem antirretrovirais de 2ª linha e estava a ser feito um esforço grande do Executivo, que no dia 4 do corrente mês fez chegar ao país um primeiro lote destes fármacos.

“Tivemos um problema de desalfandegamento, que aconteceu apenas no dia 13 e nos dias 18, 19 e 20 de Agosto é que começou o processo de distribuição junto das unidades”, conta António Coelho.

O problema está parcialmente resolvido, segundo a ANASO, porque apenas chegou um lote para um período de três meses, quando a pretensão é que seja resolvido na totalidade.

O primeiro lote ficou cerca de 10 dias na alfandêga. António Coelho pronunciou-se dizendo que gostaria que os produtos de saúde tivessem o mesmo tratamento, nas alfandegas, como são tratados os para a Covid-19.

Para esta última doença, apenas dura um dia, quando para os da Sida, malária e Tuberculose há muita burocracia, segundo o entrevistado. ‘E as pessoas continuam a morrer’, disse.

“As vezes, bebé que não chora, não mama. Por isso, decidimos partir para esta marcha virtual que surtiu algum efeito. Se não tivéssemos partido pela marcha não teríamos o problema resolvido, quer do ponto de vista de desalfandegamento, quer da distribuição dos antirretrovirais.

Os nossos agradecimentos ao Governo e vamos procurar trabalhar mais, no sentido de resolvermos este problema por definitivo”, sublinhou.

Treze mil lotes de antirretrovirais para três meses

A primeira chegada de atiretrovirais, depois de stock de segurança de seis meses, composta por treze mil lotes, servirá para suprir a necessidade destes medicamentos nos hospitais do país nos próximos três meses.

De acordo com a directora do Instituto Nacional de Luta Contra Sida, Lúcia Furtado, a aquisição destes fármacos de 2ª linha teve a facilitação do PNUD , e os lotes de retroviras já começaram a ser distribuídos aos hospitais de referência no tratamento do VI H/SIDA do país, onde os portadores desta doença podem já adquirir.

Todos os meses, em média, são distribuidos cinco mil frascos de antirretrovirais, nas duas principais unidades de saúde que utilizam o mesmo.

Com a aquisição que se fez de cerca de 30 mil frascos, foram devolvidos 8 mil frascos que o Zimbabwé emprestou-nos em Fevereiro, e recebemos 13 mil frascos actualmente.

“Temos um remanescente de 9 mil frascos, que aguardamos nos próximos voos (que ainda não temos data). O que recebemos dá uma cobertura para três meses de tratamento, para 7 mil pacientes que utilizam este fármaco de 2ª linha.

Com o remanescente, teremos mais uma cobertura de três meses”, garantiu, Furtado. A directora admitiu que houve alguma carência de antirretrovirais, em quatro províncias do país, nomeadamente, Luanda, Huíla, Benguela e Cuanza Sul, mas nega a ideia de ruptura de stock.

A carência, explica, deu-se devido o atraso do fornecedor, que teve dificuldade de produção e envio para Angola, por causa da Covid -19. “O que nós comprávamos a 15 dólares, agora custa 39 dólares, o frasco”.