Ricardo de Abreu anuncia comboio automotor para Moçâmedes

Ricardo de Abreu anuncia comboio automotor para Moçâmedes

O ministro dos Transportes, Ricardo de Abreu, anunciou que nos próximos anos, a cidade de Moçâmedes, na província do Namibe, vai ter um comboio automotor, à semelhança de Luanda, para facilitar a mobilidade

A entrada em circulação do comboio automotor, segundo Ricardo de Abreu, faz parte do plano de modernização do Caminho- de-Ferro de Moçâmedes (CFM), já em curso, e será acompanhado de esquemas urbanos e suburbanos.

Sem avançar o prazo para a entrada em funcionamento da automotora de Moçâmedes, Ricardo de Abreu, que falou ao Jornal OPAÍS, recentemente, garantiu que à semelhança do que existe em Luanda o objectivo é acelerar a mobilidade das populações nas cidades.

As locomotivas, também chamadas Unidades Múltiplas Diesel (DMU) automotoras, estão vocacionadas ao transporte específico urbano e interurbano de passageiros e vai aumentar o número de utentes de 47 mil/mês para mais de 200 mil.

As DMU são um protótipo de novos veículos ferroviários que podem transportar até 700 passageiros por dia. A nova geração de automotores vai percorrer um traçado de 68 quilómetros de linha, desde a Chela até à Chanja, passando pela cidade do Lubango, no sentido descendente e ascendente com 17 paragens e previsão de transportar um milhão e 670 mil passageiros durante o ano. Estes meios são acessíveis, inclusivos e têm isolamento térmico para evitar que os passageiros escutem o barulho do exterior do comboio. Com o serviço, espera- se triplicar a oferta e aumentar as receitas pelo volume de passageiros a transportar.

Luanda e Benguela

O comboio automotor de Luanda, com ligação entre a cidade e a região de Catete, no Icolo e Bengo, está já em funcionamento desde o passado mês de Julho, com a inauguração do serviço urbano que, numa primeira fase, vão servir o troço Bungo/Viana com 12 frequências diárias, entre as 05h00 e as 19h00, estando projectadas para atender 13.000 passageiros, com três composições a circular diariamente de Segunda a Sexta-feira.

À semelhança de Luanda, Benguela já dispõe também deste serviço, com três automotoras modelo DMU’S, provenientes de Singapura, cada uma delas com capacidade para transportar 696 passageiros (190 sentados e 506 em pé.

As locomotivas vão permitir passar dos 80 mil passageiros por mês actuais para mais de 400 mil na rota entre Lobito e Benguela.

A rede ferroviária de Angola é definida por três linhas estruturais a linha do Caminho-de- Ferro de Benguela (entre o Lobito e o Luau, numa extensão total de 1.340 quilómetros), linha do Caminho- de-Ferro de Luanda (entre Baia e Malanje, 445 km), e a Linha do Caminho-de-Ferro de Moçâmedes (entre Namibe e Menongue, 860 km).

Mudanças nos cinco anos

Ricardo de Abreu acredita que nos últimos cinco anos fizeramse reformas estruturais no sector dos Transportes muito marcantes que só foi possível, sublinha, através da alteração de todo o quadro institucional.

“O quadro está muito diferente daquilo que era e conseguimos concretizar importantes projectos com benefícios directos para a população nos vários subsectores”, disse. Sobre as dificuldades na mobilidade que Luanda e outras cidades do país apresentam, Ricardo de Abreu disse ser um problema mundial, pois os transportes nunca são suficientes para atender a demanda.

No caso de Angola, realça, temos uma taxa de crescimento populacional muito elevada, mas que os programas gizados para o sector estão a ser implementados, paulatinamente.

“A mobilidade não se resume no aumento de autocarros, esse é o grande erro que cometemos. Uma cidade com mais de 9 milhões de habitantes não se resolve com aumento de autocarros. Tem que ter meios de auto-capacidade para transportar as pessoas”, sustentou.

Ricardo de Abreu disse que nos últimos anos não se fez isso, o que tem não se podia esperar que estivesse concluída num mandato de cinco anos.