Sambizanga e Cassenda terão cozinhas comunitárias

Sambizanga e Cassenda terão cozinhas comunitárias

Um projecto de cozinhas comunitárias desenvolvido por entidades particulares será implementado na cidade capital a partir desta semana. Segundo o consultor do projecto, Nelson Paulo, que conversou com o jornal OPAÍS, as cozinhas comunitárias surgem precisamente por causa da situação causada pela Covid-19 e pretendem implementá-las em todo o país.

A primeira fase é na capital, por isso estão a envidar esforços para o arranque de duas cozinhas comunitárias para atender 100 pessoas por dia, nos distritos do Sambizanga e Cassenda.

Reconhece que a necessidade abrange um número grande de cidadãos e acrescenta que as cozinhas beneficiarão as pessoas que se encontram no quadro da protecção social e não de caridade. As doacções das refeições serão feitas em função do contacto imediato com as pessoas que aparecerem no local, sendo que algumas poderão ser cadastradas e passarão a receber as refeições nas suas residências.

“As cozinhas estarão abertas a todos, mas numa primeira fase vamos atender até 100 pessoas por dia, sendo que o desafio será de aumentar a capacidade”, disse Nelson Paulo.

O consultor da iniciativa lamentou o facto de não ser simples desenvolver projecto como este, dada a educação da sociedade. De maneira geral, ainda há muito desperdício alimentar nas três fases da sua cadeia, na produção, transportação e no acondicionamento. Por isso, exorta a intervenção de mais gente para que haja comida para todos.

Para o êxito do projecto, Nelson Paulo afirmou que contarão com alguns parceiros da cadeia comercial, nomeadamente supermercados e cantinas, a direcção de saúde pública de Luanda, que terá a missão de transmitir a importância da nutrição para a sociedade, bem como do Governo. O projecto está aberto para entidades particulares e colectivas.

Apesar de o referido projecto não vir para acabar com as dificuldades em termos de alimentação, como meta, Nelson defende que cada município deve ter uma cozinha comunitária com uma capacidade mínima de pelo menos atender 100 pratos por dia.

“Não estamos a falar de iniciativas que dependeriam apenas da nossa coordenação, pretendemos sobretudo motivar outras entidades colectivas ou singulares e instituições públicas ou privadas, no sentido de abraçarem este tipo de projecto. Em Luanda, temos já algumas individualidades que criaram cozinhas comunitárias”, enfatizou.

Segundo Nelson Paulo, programas do gênero têm dimensão geopolítica, sendo que a CPLP tem a campanha de combate à fome e incorpora cozinhas comunitárias. No país, a UNICEF apoiava um projecto de combate à má-nutrição, que chegou a disponibilizar financiamento, “na mesma senda, o Governo, penso que foi em 2014, disponibilizou cerca de um milhão de dólares para criar cozinhas comunitárias”, reforçou.

Defende que é neste período que se deve ressuscitar estes projectos, e seria ainda uma forma de empregar mais jovens, tendo em conta que a posterior haverá necessidade de os voluntários serem funcionários fixos, para garantirem a sustentabilidade ao projecto.