T’Leva junta-se à Pumangol e preparam 1º posto de carregamento de viatura eléctrica

T’Leva junta-se à Pumangol e preparam 1º posto de carregamento de viatura eléctrica

Com dois anos de existência, a T’Leva, plataforma pioneira no serviço de táxi personalizado em carros 100% eléctricos, junta-se à Pumangol para alargar os postos de carregamento das suas viaturas. Com um total de 480 viaturas eléctricas, o desafio é chegarem a 2.000, até Dezembro

Dois anos se passaram desde a existência da plataforma de mobilidade urbana para o transporte de pessoas e bens, T’ Leva, uma sucursal da empresa Tupuca, feito em carros eléctricos. Hoje, depois de os motoristas estarem dependentes apenas dos pontos de carregamento do Xiamy Nova Vida e Kilamba, e Patriota, a Pumangol aceitou juntar-se à T’Leva para inaugurarem, nas bombas do Rocha Pinto o primeiro posto de carregamento para carros eléctricos.

Até antes do fecho da presente edição, a previsão era que o posto fosse inaugurado, nesta semana, pelo ministro dos Transportes, Ricardo D’Abreu, segundo Ângela Maria, coordenadora da comunicação e imagem da T’Leva, em entrevista exclusiva ao jornal OPAÍS. Contudo, estava tudo pronto para que tenha, numa bomba de combustível, um ponto para carregamento de viaturas eléctricas. A T’Leva é pioneira no uso de carros 100% électrico no nosso país, um modelo de negócio muito aplaudido pelos ambientalistas e não só, dado o facto de a poluição por dióxido de carbono ser uma preocupação em todo o mundo.

A entrevistada reconhece que a chegada dos carros eléctricos foi um mito para todos, não só para os motoristas, como também para os investidores e os próprios donos da empresa, por ser algo novo. Hoje, deram-se conta que o carro eléctrico é como um carro qualquer, e que consome energia muito abaixo do ferro de engomar, por exemplo. Cada carro vem com um carregador, que pode ser ligado em casa ou num outro sítio. A diferença de carregar nestes sítios é que o veículo precisa de 8 horas na carga para estar pronto, quando com o posto que será inaugurado nas bombas da Pumangol-Rocha, em 40 minutos fica carregado. Todas as bombas poderão ter pontos de carregamento O plano da T’Leva é que até 2022, com esta parceria, em todos as bombas da Pumangol tenha um ou dois pontos de carregamento para carros eléctricos, segundo Ângela Maria.

Esta é uma luta que já leva algum tempo, e que têm encontrado constrangimentos, por conta da falta de Lei que regulariza a circulação de carros eléctricos no nosso país. Neste momento são os únicos com alguma autorização para circular com carros eléctricos, em Angola, mas ainda assim o processo tem sido burocrático demais, sem Lei, e tem contribuído para que a T’Leva não chegue noutras províncias com este tipo de viatura. “Esperamos que abram as portas, pois para além de sermos amigos do ambiente, a nossa empresa está a ajudar a colocar comida em casa de muita gente. Nós, diariamente, recebemos milhares de solicitações de emprego e pedido de apoio. Somos uma empresa jovem e precisamos do apoio do Governo”, exorta.

Mais de 700 motoristas inscritos na plataforma

Divida em dois, isto é, uma área de motoristas directamente ligados a empresa T’Leva, composta por 480 automobilistas, que conduzem carros eléctricos; e outra conhecida como “rentabilização de viaturas” comporta 230 motoristas, de carros movidos à combustível, a empresa tem mais de 700 inscritos na plataforma. Neste momento, os carros eléctricos estão apenas na cidade capital, Luanda, mas a T’Leva também trabalha no Lubango (só com o modelo de “rentabilização de viaturas” – que consiste em o indivíduo trabalhar com a sua própria viatura, estar inscrito na plataforma, e 90% do valor facturado é seu, enquanto os 10% é dado à T’Leva). Ainda nesta semana entram em Benguela com o mesmo modelo (rentabilização).

Os motoristas directamente ligados à empresa devem produzir 400 mil kwanzas por mês, a meta mais baixa, e este teto não tem sido difícil de se atingir, uma vez que com o aparecimento da Covid-19 muitos optam em andar nos táxis personalizados, evitando assim o risco de contágio. Começaram com 120 motoristas, com o processo de rentabilização, e só depois de aceitarem a parceria com a China Holding passaram para os carros eléctricos. Ângela Maria diz que fazem os melhores preços do mercado, pois a cada 3Km cobram 220 kwanzas.

É por isso que têm diariamente uma margem de cinco a seis mil solicitações dos seus serviços. “Ainda temos poucos carros para a demanda de clientes. São 710 carros para cinco a seis mil solicitações diárias, o que faz com que não consigamos dar resposta a todas. Entretanto, este é um problema que será resolvido, pelo menos até Dezembro, com o aumento do número de viaturas”, disse. Por ser um processo que não depende apenas da T’Leva, ainda não têm os 2000 carros na via. Trabalham para conseguirem a autorização de mais viaturas eléctricas e darem resposta à de manda (que cresce principalmente aos finais de semana.

Prejuízos com os carros eléctricos

O investimento em carros eléctricos, tal como um outro investimento, também tem riscos elevados. A nossa entrevistada reconheceu que no caminho da T’Leva também existem “espinhos” e, neste contexto, disse que em média recebem relatos de três a quarto acidentes/dia. Em muitos acidentes, a viatura já não tem concerto. Trabalham com uma seguradora nestas questões, mas lamentou o facto de muitos jovens quererem emprego e, depois de o conseguir, não saberem cuidar do “meio de trabalho”.

Por outro lado, falou dos prejuízos que têm com os carros eléctricos no tempo chuvoso, pelo facto de o veículo ter a bacteria central (IPC) em baixo, o que faz com que estraguem com facilidade. “Basta o carro entrar na água, acabou. Ela só tem o limite de 15cm do pneu, e as nossas estradas, quando chove, não oferecem este limite de nível de água”, disse, tendo acrescentado que em média perdem 20 a 30 carros, mensalmente, no tempo de chuva. Motoristas podem ser patrões Por último, e não menos importante, a T’Leva fez um contrato com os motoristas, no qual estes podem ser donos das viaturas, caso atinjam a meta de 13 milhões de kwanzas, com a contribuição mínima de 400 mil/mês. Um caso recente foi com o motorista Sebastião Kalambuta, que antes do tempo atingiu aquele limite.

A empresa recebeu uma notificação e não viu outra opção senão entregar a viatura ao funcionário. Neste momento, ele é seu próprio patrão e está livre de escolher se continua ou não a trabalhar na T’Leva. “Demos dois anos de margem para atingir os 13 milhões Kz, mas se o motorista atingir em seis meses, por exemplo, o carro fica dele. Foi o que aconteceu com o senhor Sebastião e estamos com mais 20 motoristas que, até Dezembro, atingirão estes 13 milhões. A vantagem de ser patrão é que, antes, ele recebia 12% do valor facturado, agora receberá 90% do mesmo valor, já que o carro é sua propriedade”, disse. Muitos, finalizou a entrevistada, por já conhecerem o trabalho não aceitam sair do aplicativo, mesmo tendo autonomia.