Cabinda, uma região conservadora, tal como quase todo o Norte de Angola, sucumbiu também à prostituição. A reportagem divulgada ontem por OPAÍS, diz bem da realidade e das causas. O assunto é preocupante, não por se tratar de Cabinda, mas pela dimensão que vai atingindo em todo o país. Desculpa ou não, a verdade é que a justificação que muitas mulheres apresentam é o desemprego. Não apenas o delas, mas também o dos companheiros. Apesar disso, contar-se-ia com a tradicional solidariedade familiar angolana, africana, mas esta também se está a quebrar ante a dureza da vida nos nossos dias. A crise está a fazer estragos profundos na sociedade. A urgência das urgências tem de passar por políticas fomentadoras do emprego, da formação e da estabilidade das famílias para se resgatar a dignidade das pessoas. A prostituição diz muito mais do que a simples venda do corpo. A sociedade tem de acordar para a realidade e tratar dela, não se pode fingir que não existe quando está em cada esquina.
Editorial: uma questão de dignidade da pessoa
