Este é daqueles pedidos que, se calhar, não tem resposta directa, e muito menos quando se fala tanto em dar espaço aos mercados, às empresas. Mas tenho de o fazer.
Tenho de endereçar ao Presidente da República, João Lourenço, este pedido especial, até porque ainda vou a tempo, até ao Dia dos Reis. Eu fundamento as minhas razões. Já fiz viagens em que no “meu” avião seguiam também membros do Governo (incluindo os actuais), ou membros da nossa chamada elite, quer empresarial, quer económica, as nossas dondocas incluídas, e há uma característica comum: a viagem pode durar dezoito horas, mas ninguém leva um livro para ler no percurso. Noutros países vemos gente a ler no metro, nos autocarros, nos restaurantes, há o hábito do livro de bolso.
Aqui, entre nós, nem o de cabeceira. Por isso temos o país que temos, escritores mais conhecidos do que a sua obra, fazem propaganda de si e pronto, ninguém os lê. Aliás, livro que vende mil exemplares é best seller por cá. E somos quase trinta milhões de almas.
Neste país cada jornal deveria imprimir cem mil exemplares, mas nada. Nem pensar. O papel está demasiado caro, a impressão é só para quem paga pró bónus, sem busca de lucro. Senhor Presidente, cá vai o meu pedido: Uma nova política do livro.
Uma política que torne o livro um bem essencial, que promova os nossos escritores, que leve as pessoas a ler, que faça da leitura o mais importante pilar na edificação do cidadão e da sociedade, porque o é. Um povo que não lê nunca corrigirá o que está mal.