Dei comigo, há uns dias, a seguir um debate numa televisão estrangeira que me pôs a pensar outra vez no fenómeno político nos nossos dias, sobretudo o poder, como força estruturante das sociedades.
Por: José Kaliengue
Na Europa, por exemplo, os partidos políticos tradicionais já não são os detentores do poder, este está difundido e é disputado já por forças novas, de facto movimentos de cidadãos cansados das velhas fórmulas que não lhes resolvem os problemas. Parece estranho falar de insatisfação e de problemas quando nos referimos a países desenvolvidos, mas é assim mesmo.
Por lá, também há desigualdade, também há um grande fosso entre os ricos e os da classe média e maior ainda para os mais pobres. Portanto, o problema é como cá: partilha das oportunidades; partilha da riqueza.
Com as devidas diferenças, claro, porque em África é mesmo a noite e o dia, o tudo e o nada, não há meio-termo. Mas há outras diferenças, por exemplo, no equilíbrio do poder, na prestação de contas, nos mecanismos de controlo popular, directo ou indirecto.
E é isso que permite que os insatisfeitos dos países desenvolvidos tenham um nível de vida médio superior ao dos ricos de cá, os felizes de cá.
Olhe-se para a diferença da força sindical cá e lá; a força da academia; as associações de todo o tipo, incluindo as empresariais; da comunicação social e dos artistas e outros criadores como os escritores e os poetas.
Por cá, o problema talvez nem esteja nos poderes constitucionais de uma única pessoa, como é o nosso caso, em que o Presidente da República é praticamente o único poder, o problema está na abertura do poder para que funcionem os mecanismos de controlo e equilíbrio.
Este é o problema de África, que está quase a explodir, tão grande é o seu atraso nesse item .