Militantes afectos ao ex- presidente deste partido(2006-2008), Ngola Kabangu, recusam- se participar no conclave aprazado para entre 16 e 19 de Junho, em Luanda, por alegarem não ser inclusivo e abrangente
Segundo uma fonte familiarizada com o assunto, os correligionários de Ngola Kabangu dizem que existem casos pendentes que deveriam serem resolvidos para que se vá ao congresso com o espírito de unidade e reconciliação interna, que não foi observado pela direcção do actual líder do partido, Lucas Ngonda.
Os partidários de Ngonda são acusados de apenas realizarem o conclave para consolidar o alargamento do consulado deste, em vez de um verdadeiro acto que dignifique o partido.
Para a fonte, todos os procedimentos que visavam uma reconciliação interna não foram observados pela equipa negocial de Lucas Ngonda, razão que levou a outra ala abandonar as conversações em 2018.
A mesma justificou que a ausência dos seguidores de Kabangu no conclave visa chamar a atenção dos que considerou de “sedentos do cargo” para reflectirem se vale a pena realizar um congresso nesta condição.
Os militantes fiéis a Ngola Kabangu entendem que uma vez realizado o congresso sem antes reunificar o partido, estará na iminência de ser extinto em 2022, depois do anúncio dos resultados das eleições gerais.
“Depois não se venha com a estória de que as eleições não foram justas e livres, ou porque fomos roubados”, observou a fonte deste jornal.
A mesma acrescenta que o facto de Lucas Ngonda, que recentemente formalizou a sua candidatura, concorrer à sua própria sucessão, é o sinal de que o partido vai ser extinto pelo Tribunal Constitucional (TC). Argumentou que em cada época eleitoral a FNLA sempre perde deputados e o cenário que se advinha não será diferente, admitindo que caso não se altere a data do congresso, ou seja, se adie, partirá fragilizado nas eleições gerais.
“A teimosia do senhor Lucas Ngonda é que irá prejudicar, definitivamente, a FNLA. Está mais preocupado com as benesses como líder e como deputado do que defender e organizar o partido”, desabafou.
Bens materiais
A fonte acusa os principais colaboradores de Ngonda de maus conselheiros, tendo em conta o desempenho desfavorável das últimas eleições (2012 e 2017) respectivamente, em que vem perdendo deputados à Assembleia Nacional.
“Não aconselham o presidente deles. Pensam que a FNLA é uma lavra familiar”, desabafou.
Entretanto, fazendo fé nas declarações da fonte, o congresso poderá não ser realizado se não houver consenso, sob pena de ser abortado, como aconteceu em 2015, em que durante a abertura do IV conclave houve tumultos entre partidários de Ngonda e de Kabangu, que resultou em vários feridos e a morte do militante da luta de libertação nacional, Manuel António, 70 anos, cujo processo até hoje se encontra encalhado no Comando Municipal da Polícia de Viana, área em que ocorreu a morte.
Lino Ucaca defende reconciliação entre os irmãos antes do congresso
A Associação dos Antigos Combatentes da FNLA aconselha a ala de Lucas Ngonda a não realizar o congresso, sem que se reunifica à outra parte integrada por Ngola Kabangu, apesar das negociações fracassadas desde 2018.
O presidente dos Antigos Combatentes da Frente Nacional para Libertação de Angola (FNLA), Lino Ucaca, referiu que o objectivo do encontro é de esclarecer os militantes, simpatizantes e amigos, no quadro da unidade e reconciliação daquela força política, quando o presidente do partido, Lucas Ngonda, aceitar dialogar devidamente com a outra parte dirigida por Ngola Kabangu. Deste modo, haverá um congresso único de reconciliação e unidade entre as partes. Considera que não existe nenhum outro elemento no seio do partido, fora da direcção dirigida por Ngola Kabangu, deixada pelo presidente já falecido Holden Roberto.
O responsável, que falava depois do encontro que manteve com os representantes das comunais e regiões, para abordarem sobre a vida do partido, avançou, ainda, que não pretendem afastar Lucas Ngonda do partido, porque ele também é militante, o que pretendem é sentar-se à mesma mesa para discutir os pontos que os separa e juntos caminharem para a realização deste congresso.
Irineu Mujoco e Maria Custódia Cassule